Noite Publicado em 2011/10/10, atualizado em 2014/09/16 por Sónia Coutinho Um cálice de vinho do Porto. O grande anel tirado às pressas. Noite sem fim. Sónia Coutinho
A cidade tem outro calor Publicado em 2011/10/09, atualizado em 2014/09/16 por Patrícia Reis A cidade tem outro calor. As ruas enchem-se de uma forma estranha e há burkas e miúdos com piercings e coisas do género. A mulher não arrasta a adolescente pela mão porque não […]
Companheiros da noite Publicado em 2011/10/07, atualizado em 2014/09/16 por Daniel de Sá Naquele tempo os porcos morriam ao nascer do dia. Sob um céu de estrelas ainda, iam os rapazes chamar os parentes e amigos que ajudariam na matança. Ao Roberto e ao seu primo […]
Ossos sem ofício Publicado em 2011/10/03, atualizado em 2014/09/16 por Julieta Ferreira Andas sempre com as mãos a esgravatar na terra. Olha para as unhas, António. Não venhas para a mesa sem limpares as unhas, ouviste? Olho a minha mão direita no movimento banal de […]
Literal Publicado em 2011/09/26, atualizado em 2014/09/16 por Ernane Catroli Trazia as filigranas dos dias aureolados de irrealidades. Dádivas bastantes. Imerecidas. O indizível, uma quase dor. Depois, o núcleo do êxtase. E mais o que não ousei. Aqui, onde mais este remorso se […]
A minha experiência entre os Abokowo #1 Publicado em 2011/09/24, atualizado em 2014/09/16 por Afonso Cruz Os Abokowo acreditam que existe uma árvore infinita, a Dagafagé (literalmente,que não tem fim) que, ao pensar, cria os pássaros. Quando pensa de noite nasce uma coruja, mas quando pensa de dia nasce […]
Vertigens Publicado em 2011/09/22, atualizado em 2014/09/16 por Julieta Ferreira Gostava de ser mais nova. Não lhe perguntei porquê. Era um esforço estéril. Eu sabia a resposta. Todos querem ser mais novos. Não me lembro de querer ser mais novo. Acho mesmo que […]
Do “Livro das Pequenas Coisas” Publicado em 2011/09/20, atualizado em 2014/09/16 por Casimiro de Brito Lavei todos os copos menos aquele onde bebeste ontem à noite um vinho comigo. Nele estou agora bebendo o néctar que sobrou. Os teus lábios passaram por aqui. Dois perfumes. Casimiro de Brito
Boa-educação Publicado em 2011/09/13, atualizado em 2014/09/16 por Paulo Reis Mourão Já há muito que o Doutor não via o amigo. Sentado, o Doutor esperava-o na mesa daquele café histórico no centro daquela histórica Vila Real. O amigo aproximou-se. Saudaram-se. O amigo sentou-se e […]
Clandestino Publicado em 2011/09/11, atualizado em 2014/09/16 por Ernane Catroli Surgiu do fundo do palco e o ocupou por inteiro. A sua fala. O seu gingado. O destemor em movimento. O seu olhar abrasado. A desafiar a plateia. E aqui, o que nele […]
Haiku em prosa (3) Publicado em 2011/09/07, atualizado em 2014/09/16 por Paulo Bugalho 13 de Setembro 9.00 (…) 3. Ao passar a passadeira junto à praça, olhei para a avenida cheia de carros. Dia prudente por entre os prédios, o sol manifestando-se como um disco muito […]
Insónia insidiosa Publicado em 2011/09/06, atualizado em 2014/09/16 por Daniel de Sá Eu cumprira todos os conselhos para vencer a insónia. Chá de tília, leite quente, cavar terra, acartar pedra, contar carneiros… Até recorri ao curandeiro da Fajã, que já fora promovido a ervanário. Mas […]
Onde moram os estranhos? Publicado em 2011/09/04, atualizado em 2014/09/16 por Julieta Ferreira Depois de tanto ouvir falar dos estranhos e das repisadas advertências para estar de sobreaviso e se afastar deles, a criança indagou: “Onde moram os estranhos?” A resposta seria vaga ou nula, como […]
Chave Publicado em 2011/09/03, atualizado em 2014/09/16 por João Nogueira Dias O homem passeava pela floresta, apreciando as árvores e toda a sua imponência, chegando mesmo a dizer que gostaria de ali estar, em tão boa companhia, todos os dias. Porém, a meio do […]
Novo Mundo/Novo Tempo Publicado em 2011/09/02, atualizado em 2014/09/16 por Lúcia Bettencourt Num mundo que se desmedia, imensificando-se, o cartógrafo nos apaziguava transformando continentes em ilhas. As caravelas, enormes, apareciam em cada mapa como deusas conquistadoras, onde antes as bochechas infladas dos ventos se estampavam. […]
Janela de oportunidades Publicado em 2011/09/01, atualizado em 2014/09/16 por João Pedro Mésseder Fato rasgado, camisa sem botões, a gemer de dor, sentiu-se puxado pela gravata até à janela aberta da sala. Na avenida, os carros, com o freio nos dentes. Empurrando-lhe a nuca, o outro […]
Outra história Publicado em 2011/08/12, atualizado em 2014/09/16 por Ernane Catroli Tudo aconteceu. Alheio a qualquer batalha, a paisagem é este pátio retangular, muros de pedra e hera, nesgas de céu entre árvores copadas. Daqui a pouco, o ondear de vozes, restos de frases. […]
Quotidiano de afectos II Publicado em 2011/08/07, atualizado em 2014/09/16 por Sandro William Junqueira Uma mesa. Um bar. Um homem. Uma mulher. Um espelho com empregado ao fundo. A mulher é louca ao espelho: prepara-se para a caçada: arranha cabelos, mascara cicatrizes, borrifa de perfume os lóbulos; descruza […]
Unya Publicado em 2011/08/06, atualizado em 2014/09/16 por João Silveira Unya era uma mulher, física, quase religiosamente física – era, por isso, impossível não desejá-la e Unya sabia-o. Infelizmente, Unya também amava. Unya conheceu o amor da sua vida por acaso, num desses […]
Híbrido (1) Publicado em 2011/07/23, atualizado em 2014/09/16 por Paulo Bugalho 04 de Setembro, 9:00 Ontem eu e […] ficámos sentados durante um bocado junto ao ventilador, perto das escadas que descem da rua. Era perto das sete horas. No ângulo da Alameda, observámos […]
Clarice Lispector Publicado em 2011/07/20, atualizado em 2014/09/16 por Alberto Pucheu Num livro, uma frase – uma ferida. Contaminada. Um vírus, à espreita, para se espalhar. Sem uma ferida, que se propaga, não há frase, não há livro. Sem uma ferida, não há leitor. […]