Janela de oportunidades

Fato rasgado, camisa sem botões, a gemer de dor, sentiu-se puxado pela gravata até à janela aberta da sala. Na avenida, os carros, com o freio nos dentes. Empurrando-lhe a nuca, o outro forçou-o então a colar os olhos no abismo. E no alto daquele décimo andar, brutal, cuspiu: «Ou passas para cá o bago, e é já, ou vais parar lá em baixo, feito um hambúrguer! É a tua janela de oportunidades.»

Momento fundador – alguém disse – da inesquecível metáfora.

João Pedro Mésseder