LÍDIA JORGE | Soledade Martinho Costa
À míngua da chuva Que os não veste Ao Sol se abandona A flor e o fruto. Só da cigarra vem O som que despe No calor que se abriga Em […]
À míngua da chuva Que os não veste Ao Sol se abandona A flor e o fruto. Só da cigarra vem O som que despe No calor que se abriga Em […]
Na manhã Galopam cascos De cavalos mansos. Nas tuas mãos Sepulto O fuso. Herança Reflectida No luto Dos teus olhos. Rés ao fio Calosos Os teus dedos Ciciam Antepassados Jeitos. Impune […]
Na brancura das rosas A tua solidão O fel que macula os dias. Nos teus olhos Asas em voos de coragem Beijos Desejos Tentação. O teu labor preso na folha de […]
Na tenda Feita de uns metros de plástico Roto e transparente Uma mulher Um homem e o vento Sob a noite de Inverno Inclemente Devassada pelas luzes dos faróis. Como espectros […]
Sobre o líquen dos seixos Patrício do rumorejo das alfarrobeiras Um rio avança a solidão do nome. Por entre o tojo À transparência líquida do corpo Sua pergunta corre: Onde os […]
Excerto do prefácio «[…] coração é que não falta nesta prosa escorreita por onde Soledade Martinho Costa nos convida a passear, seguindo-lhe o rasto e correndo com ela aqueles caminhos que […]
Rodou nos gonzos O ranger antigo A sentir na mão a faca apetecida Com que rasgou o oiro do Outono E a repelir silêncios reprimidos Sorveu como da fonte a brisa […]
Porque os tempos não eram O que hoje são Mais a voz se elevou A romper trevas A inundar de luz a escuridão Rompeu feita coragem Sem medo ao medo A […]
Sem ter novas de infantes Sem conquistas Navegar em mares de espanto Pelos dias. A sulcar horizontes Onde as vagas Despidas de maresia Vaticinam o rosto da tormenta. Lá, onde as […]
Talvez Eu seja agora Outra mulher. Talvez Que sobre mim Eu vista um novo olhar. Talvez em cada madrugada Eu diga Estou aqui Neste lugar Que sempre foi o meu. Aquilo […]
Olho em redor Mal desperta O dia acordou mais cedo do que eu. Pela cortina entreaberta da janela Vejo o céu Onde as nuvens galopam Sem dimensão nem tempo. Navego os […]
Dobaram-se nos anos das marés Sem outra condição Outro provir Que das areias Das conchas E dos limos Serem a hora exacta O sal onde se afogam As palavras Que a […]
O sopro da distância Traz-me o som sem palavras De um piano. Em voos de borboleta Que dedos afloram as suas teclas Quem se debruça nelas? Nas notas que se abraçam […]
Nas formas retratadas Os segredos. Em matizes Em assombros Em fulgores Sem aviso Sem final Sem começo. A mulher por modelo É escolha tua. Mítica lua Intemporal e […]
Actriz É habitar um palco. Ser Fédora Ou Zerlina A Castro A Mãe Coragem. Aquela Que por dom das musas Ou de Talma Consegue ser da Arte A própria […]
As figueiras, despojadas de folhas, erguem, como braços apontados ao céu, os troncos esguios, num protesto. Ao verem as laranjeiras agasalhadas na copa redonda da rama verde-escura, sentem, com maior tristeza, […]
A manter vivos Os nomes E a Casa Ser o eco da infância. À flor da pele A ternura Assumida e assinada. Mas ser também Vela de seda Em mastro desfraldada […]
Nos dias sem data Repousa os olhos Na sede da paisagem. Aspira os cheiros da terra Lavrada, semeada, sua. Recolhe em cada seio O canto da cigarra. Desfaz a trança Desfaz […]
Na manhã Galopam cascos De cavalos mansos. Nas tuas mãos Sepulto O fuso Herança Reflectida No luto Dos teus olhos. Rés ao fio Calosos Os teus dedos Ciciam Antepassados Jeitos. Impune […]
Festa da família, da comunhão e da congregação familiar, tempo de reflexão, de concórdia e de amor, o Natal representa também a ausência e a recordação dos familiares que já não se encontram […]
Onde a magia dos Natais de outrora O presépio dos olhos da infância São José, a Virgem, o Menino Figuras modeladas, quase gente A mostrar-se ao espanto dos pastores que vinham […]