Pátria | Maria Isabel Fidalgo Publicado em 2014/10/26, atualizado em 2014/10/26 por Das Letras Menina minha pátria maresia com salitre no rosto incandescido dorme comigo que minha mãe já foi e estou sozinha. Menina amor traz o passado das romarias de San simion de Vale […]
Soneto das Horas | Domingos da Mota Publicado em 2014/10/26, atualizado em 2014/10/26 por Das Letras aos queridos mortos Durs Grünbein E manda-o também esperar a hora de dar à luz a sua própria morte (…) Rainer Maria Rilke Por tardia que seja, é sempre cedo que […]
Ciclo de sangue e interioridade | Gisela M. Gracias Ramos Rosa Publicado em 2014/10/25, atualizado em 2014/10/26 por Das Letras O traço que desenhas é o sussurro branco da semelhança liberta António Ramos Rosa, In O Centro Na Distância Ciclo de sangue e interioridade Tenho a promessa dos homens […]
Moralistas, perdoai! Obedeci… | Olavo Bilac Publicado em 2014/10/24, atualizado em 2014/10/24 por Das Letras Nua, mas para o amor não cabe o pejo Na minha a sua boca eu comprimia. E, em frêmitos carnais, ela dizia: – Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo! Na inconsciência […]
Isso, o Aquilo, o Sem Nome, O | Vicente Franz Cecim Publicado em 2014/10/24, atualizado em 2014/10/24 por Das Letras O que faz a árvore, o que faz o vento, o que faz eu me perguntar essas coisas? – Lá. Vê: aquela árvore, lá, se movendo. Vês, vendo? Parece coisa de sonho, não […]
Poema | Helder Magalhães Publicado em 2014/10/22, atualizado em 2014/10/26 por Das Letras um dia escrevo à minha mãe o poema com a menina que ela gostaria de ter dado à luz. há-de riscar-lhe os vestidos e costurá-los com as mãos que só ela sabe sentá-la […]
A SOPHIA DE MELLO BREYNER | Soledade Martinho Costa Publicado em 2014/10/21, atualizado em 2014/10/26 por Das Letras Na voragem do tempo Em ti resiste O mar e a liberdade que cantaste. Teu velo de oiro Sem mácula Sem sinal de abandono. Mas não partiste Numa praia só […]
Impossível | Vladimir Maiakovski Publicado em 2014/10/19, atualizado em 2014/10/19 por Das Letras Sozinho não posso carregar um piano e menos ainda um cofre-forte. Como poderia então retomar de ti meu coração e carregá-lo de volta? Os banqueiros dizem com razão: “Quando nos faltam bolsos, nós […]
Congresso Internacional do Medo | Carlos Drummond de Andrade Publicado em 2014/10/14, atualizado em 2014/10/14 por Das Letras Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio, porque este não existe, existe apenas o medo, nosso pai […]
Presídio | David Mourão-Ferreira Publicado em 2014/10/12, atualizado em 2014/10/12 por Das Letras Nem todo o corpo é carne… Não, nem todo. Que dizer do pescoço, às vezes mármore, às vezes linho, lago, tronco de árvore, nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco…? E o ventre, […]
José Gomes Ferreira | poema Publicado em 2014/10/12, atualizado em 2014/10/12 por dasletras De súbito, o diabinho que me dançava nos olhos, mal viu a menina atavessar a rua, saltou num ímpeto de besouro e despiu-a toda… E a Que-Sempe-Tanto-Se-Recata ficou nua, sonambulamente nua, com um […]
vai-se a lasciva mão | Vasco Graça Moura Publicado em 2014/10/12, atualizado em 2014/10/12 por Das Letras vai-se a lasciva mão devagarinho no biquinho do peito modelando como nuns versos conhecidos quando uma mulher a meio do caminho era de vento e nuvens, sombras, vinho, e sonoras risadas como um […]
Fernando Pessoa | Todas as cartas de amor… Publicado em 2014/10/08, atualizado em 2014/10/08 por dasletras Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se […]
Tabacaria | Fernando Pessoa Publicado em 2014/10/08, atualizado em 2014/10/11 por dasletras Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões […]
Soneto de Fidelidade | VINICIUS DE MORAES Publicado em 2014/10/08, atualizado em 2014/10/08 por dasletras De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada […]
O amor | Casimiro de Brito Publicado em 2014/10/04, atualizado em 2014/10/04 por Das Letras 1 Cuidado. O amor é um pequeno animal desprevenido, uma teia que se desfia pouco a pouco. Guardo silêncio para que possam ouvi-lo desfazer-se. Casimiro de Brito
Fábula de um Arquiteto | João Cabral de Melo Neto Publicado em 2014/09/28, atualizado em 2014/10/03 por Das Letras A arquitetura como construir portas, de abrir; ou como construir o aberto; construir, não como ilhar e prender, nem construir como fechar secretos; construir portas abertas, em portas; casas exclusivamente portas e tecto. […]
Não Sou Casado, Senhora | Bernardim Ribeiro, in Antologia Poética Publicado em 2014/09/28, atualizado em 2014/09/28 por Das Letras Não sou casado, senhora, que ainda não dei a mão, não casei o coração. Antes que vos conhecesse, sem errar contra vós nada, uma só mão fiz casada, sem que mais nisso metesse. […]
Poema de Rui Almeida Publicado em 2014/09/12, atualizado em 2014/09/12 por Das Letras Este zumbido permanente, esta tristeza, Esta voz empastada, esta insónia, Gato atento a fincar as unhas no nervo Do olho, esta dor passiva, cada vez mais. Esta curva apertada, esta incógnita Do que […]
RAPARIGA | Herman de Coninck Publicado em 2014/09/07, atualizado em 2014/09/07 por Das Letras Tu própria, que podes ter a noção e ao mesmo tempo o atrevimento de simplesmente expor de vez em quando uma opinião ou um seio: quando começa isso, e no fundo quando acaba? […]
Sophia de Mello Breyner Andresen | O velho abutre Publicado em 2014/09/01, atualizado em 2014/09/01 por Das Letras O velho abutre é sábio e alisa suas penas a podridão lhe agrada e seus discursos têm o dom de tornar as almas mais pequenas Sophia de Mello Breyner Andresen