As moscas vão mudando, e o cheiro é tanto que tresanda a mil léguas de distância; e a causa do fedor pode entretanto focar-se num detalhe que a abundância de moscas que […]
Amor que seja amor, amor somente; que arda como o sol em carne viva; que surda como o silvo da serpente, prenúncio de paixão mais abrasiva; amor só por amor, amor […]
Não é por trinta dinheiros que me vendo, que me rendo, me submeto ao tremendo ónus dos flibusteiros, ou que cedo à voz do dono, ao coro de paus-mandados que trazem […]
Um verso que desperta, inopinado, dá passagem a outro, clandestino, em busca dum terceiro, mais ousado, ou dum quarto com ar de peregrino, e seguem o percurso adequado, por muito que […]
as intempéries talharam este rosto. de chama. calcinada. o seu silêncio é um latido do tempo. António Ramos Rosa Percorro as artérias do vazio, as veias do silêncio laceradas: desvendo […]
Nem sequer um fio: apenas o silêncio deflui no rio de águas apagadas. As margens febris, duras desoladas engrossam a torrente / do vazio. Domingos da Mota
O primeiro Natal sem nuvens negras, apesar do negrume que se vê; o primeiro Natal, esse que enxergas não passa de ilusão, a mesma que se estende na mensagem para […]
com que a vida resiste, e anda, e dura Pedro Tamen Não digo do Natal – mas da natura de quem faz do poder um pesadelo que aprofunda as sementes […]
Apesar do fedor de quem tresanda nos altos e nos baixos corredores do poder que desanda quando anda ao dispor de corruptos detentores; malgrado quem comanda e descomanda, por grandes mordomias […]
O país em causa, este país tem sol, mulheres bonitas, cavalos e aviões, e um mercador que o diz em terras de califas e sultões; país à venda, oh país, país, para quando […]
Pediste a demissão, e já foi tarde, pois demoraste muito, mas lá foste embora do lugar como quem arde (e mesmo que a saída não desgoste a tantos dos que estão de pedra […]
Como é fétido o ar que se respira e perpassa nos altos corredores do poder que se expõe quando transpira à mercê de subornos & favores; como grassa a fatal epidemia que […]
Sobre o fio da navalha do comprazido arrepelo desenrola-se a batalha, a volúpia do duelo na celebração dos corpos desde a pele até ao osso, poro a poro, desenvoltos num viciante alvoroço, retesados […]
Vivemos a dois passos, tão distantes, com muros de silêncio de permeio. Os muros altos, farpados, arrogantes. Domingos da Mota
Tantos que se foram, partiram, voaram, saíram do porto à pressa e zarparam sem um até sempre, um ai que me vou, um não veemente a quem saqueou, sem dizer das suas (e […]
aos queridos mortos Durs Grünbein E manda-o também esperar a hora de dar à luz a sua própria morte (…) Rainer Maria Rilke Por tardia que seja, é sempre cedo que […]
besouros não trepam no abstrato Manoel de Barros Um círculo de fogo: posto ao centro um buraco negro de infinito: adentro do buraco a placenta de mundos […]
Domingos da Mota – nasceu a 15 de Dezembro de 1946, em Cedrim, Sever do Vouga. Fez os estudos primários e secundários em diversas escolas, colégios e liceus do país. Licenciou-se em Filosofia […]