O Lagarto, de José Saramago e J. Borges

Em setembro chega às livrarias portuguesas O Lagarto, livro que une as palavras de José Saramago ao traço do artista brasileiro José Francisco Borges, conhecido como J. Borges. O projeto, que nasce da ideia original do editor argentino Alejandro García Schnetzer, será publicado pela Porto Editora em colaboração com a Fundação José Saramago, terá design da Silvadesigners, e propõe uma nova leitura da crónica com o mesmo título escrita por José Saramago em 1972.

Passados mais de 40 anos da publicação de O Lagarto no livro A Bagagem do Viajante, o texto ganha novas leituras trazidas pelas ilustrações do “génio da arte popular”, nas palavras do New York Times. O artista brasileiro, que ficou conhecido internacionalmente ao ilustrar em 1993 o livro Palavras Andantes, de Eduardo Galeano, produziu um conjunto de xilogravuras que dialogam com o texto do Prémio Nobel português.

A 22 de Setembro, o FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos inaugura uma exposição das matrizes das xilogravuras e das ilustrações que J. Borges fez para as palavras de José Saramago.

Saramago conhecia e gostava muito do trabalho de J.Borges (…) dizia que para ele J.Borges compreendia e explicava o mundo de forma aparentemente simples e ao mesmo tempo profunda. Este Borges aproximava-se, para Saramago, dos seus avós na forma de olhar o mundo. Além disso, Saramago tinha muito apreço pelos trabalhos de criação. Na sua mesa de trabalho, por exemplo, estava um crucifixo que um artesão lhe dera de presente após ler O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Para ele não era uma homenagem a um homem crucificado mas sim ao homem que fez aquela peça e que a compartilhou. Criar é compartilhar, e agora dois Josés presenteiam-nos com uma obra que deve ser compartilhada. Um grande presente.
(Palavras de Pilar del Río ao Jornal do Commercio, do Brasil, a propósito do livro)

J.Borges nasceu em Bezerros (Pernambuco, Brasil) no ano de 1935. Aos 20 anos começou a vender cordéis nas feiras. Em 1964 assinou o seu primeiro trabalho autoral.
Tornou-se gravurista para ilustrar os cordéis que produzia. Durante a vida escreveu algumas centenas de cordéis. Ilustrou o livro As palavras Andantes, de Eduardo Galeano, e expôs o seu trabalho em vários lugares do mundo, entre eles EUA, Suíça, França, Alemanha, Venezuela, Itália e Cuba. Em 2006 recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, outorgado pelo Governo do Estado.
Atualmente vive na sua cidade natal, num local que foi transformado num espaço artístico, o Memorial J.Borges, onde ensina a arte da xilogravura aos mais novos.

Nota de Imprensa Fundação José Saramago.

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Moonlight Mile, de Dennis Lehane

A Porto Editora publica Moonlight Mile, um novo livro de Dennis Lehane, autor de bestsellers como Mystic River, Shutter Island, e um dos grandes nomes da literatura policial contemporânea americana.

No estilo veloz e sombrio a que Lehane habituou os seus leitores, Moonlight Mile remete à tradição iniciada por Dashiell Hammett e Raymond Chandler. Doze anos depois de levar a cabo a busca pelo paradeiro de Amanda, o detetive de Gone, Baby, Gone (romance que foi adaptado ao cinema por Ben Affleck) regressa neste novo livro para voltar a procurar essa mesma rapariga, agora adolescente. De acordo com o The New York Times, Moonlight Mile é «um prazer renovado frase após frase. Estamos nas mãos de um mestre. E sabemo-lo».

«Lembra-se de mim?», interroga, do outro lado da linha, a voz que arranca Patrick Kenzie do sono profundo. Uma voz feminina e uma frase em jeito de ameaça: «Encontrou-a uma vez. Volte a encontrá-la. Deve-me isso.»
No dia seguinte, eis que ela surge de novo, no cimo das escadas do metro. Um rosto marcado pelo tempo e pela mão severa do destino. Um rosto que Kenzie não esperava rever.

Dennis LehaneHá doze anos aquela mulher pedira-lhe que encontrasse a sobrinha Amanda, de quatro anos, que desaparecera. Os detetives privados Kenzie e Angie Gennaro tiveram sucesso, mas o caso deixou-lhes um amargo de boca: a menina foi devolvida aos cuidados de uma mãe negligente e alcoólica; e os raptores que, afinal, não queriam mais do que entregá-la a uma família que cuidasse bem dela, foram sentenciados a duras penas de prisão.

Por isso agora que Amanda, com dezasseis anos, desapareceu novamente, Kenzie sente-se obrigado a investigar. Mais a mais porque também ele sabe o que é ter uma filha e o que um pai está disposto a fazer para a ver feliz. A sua investigação será o começo de uma viagem ao coração de um mercado sombrio, onde se traficam identidades e adoções. Um mundo onde o bem pode assumir os contornos do mal, e o mal camuflar-se de bem. Um precipício do qual é melhor não nos aproximarmos muito.

Dennis Lehane nasceu e foi criado em Dorchester, Massachusetts. Antes de se dedicar à escrita a tempo inteiro, trabalhou com crianças com deficiências mentais e vítimas de abusos, foi empregado de mesa, motorista de limusinas, livreiro e carregador. Várias vezes premiadas e traduzidas em 22 línguas, algumas das suas obras foram também adaptadas ao cinema em filmes de grande êxito junto do público e da crítica, como Mystic River, Shutter Island e Gone, Baby, Gone.

Nota de Imprensa da Porto Editora.

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À Conversa com… Cristina Carvalho – Viana do Castelo

Dia 15 de julho, À Conversa com… Cristina Carvalho, com a apresentação do livro “O Olhar e a Alma”, a realizar na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, às 21h30.

À conversa com…… é uma iniciativa da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo que visa promover, em torno do livro, o diálogo e a troca de conhecimentos com escritores contemporâneos, proporcionando a oportunidade de conviver de perto com os autores e a sua obra. Pretende-se que seja um espaço de incentivo à leitura, de divulgação das obras dos autores da atualidade, de promoção da cultura e do conhecimento e, sobretudo, de interação entre o público leitor e os escritores.
Uma organização da Câmara Municipal de Viana do Castelo.

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As Histórias Que não Se Contam, de Susana Piedade

Ana pergunta-se como seria hoje o seu dia-a-dia se tivesse sabido detetar no namorado os indícios da doença que o levou inesperadamente. Isabel, seis meses depois da tragédia que lhe virou a vida do avesso, ainda se sente culpada por não ter chegado a horas ao infantário naquela tarde de chuva. Marta, que ousou abandonar, ainda adolescente, uma casa onde era maltratada, não tem agora a coragem de confessar que o amor em que apostou tudo está longe de ser um mar de rosas. São três mulheres jovens, com a vida inteira pela frente, mas para quem o presente se tornou um fardo difícil de carregar e o futuro um tempo sem qualquer esperança. Quem poderia entender a sua dor incomparável? Para quê, então, contarem as suas histórias?

Com uma linguagem cuidada e uma estrutura francamente original, este belíssimo romance de estreia, finalista do Prémio LeYa em 2015, traz para a cena questões de grande atualidade que afetam muitas mulheres e não devem ser silenciadas.

Nota de Imprensa da Oficina do Livro.

As Histórias Que não Se Contam

Fechada Para o Inverno, de Jørn Lier Horst

A densa névoa outonal paira sobre a costa norueguesa. Antes de a fechar para o inverno, Ove Bakkerud pretende desfrutar de um último fim de semana na sua casa de férias. No entanto, à chegada, depara-se com o caos após um assalto.

E na casa vizinha um homem foi espancado até à morte…

O detetive William Wisting já viu homicídios grotescos no passado. Contudo, é a primeira vez que constata um desespero como o que, neste outono, testemunha em Stavern. Como se alguém tivesse tudo a ganhar e quase nada a perder. Por isso, não fica muito satisfeito quando a filha se muda para uma casa junto à boca do fiorde.

A sua preocupação aumenta à medida que vão aparecendo cadáveres gravemente mutilados nos recifes.

E do céu começam a cair pássaros mortos…

O primeiro livro de Jørn Lier Horst publicado em Portugal é um policial e, com ele, o autor venceu o Prémio dos Livreiros da Noruega.

Nota de Imprensa da D. Quixote.

Fechada para o Inverno

BICHA, de William S. Burroughs

«Tudo em Bicha é desconcertante. É pessoal, mas também político, uma narrativa realista que irrompe nas mais fantásticas fantasias, incluindo matérias de tom tão indeterminado que é difícil saber se havemos de desatar aos uivos de riso ou de consternação. É ao mesmo tempo um livro de revelações e um texto insondável, um texto prematuro e autobiográfico que Burroughs abandonou incompleto, e um segredo que manteve oculto durante três décadas.»

Quetzal Editores

Leia a recensão no Acrítico, leituras dispersas.

Bicha

 

A Segurança Social: Passado, Presente e Futuro

A 15 de julho, chega às livrarias «A Segurança Social: Passado, Presente e Futuro», um livro que se debruça sobre o futuro da Segurança Social em Portugal.

Coordenado por Francisco Louçã, José Luís Albuquerque, Vítor Junqueira e João Ramos de Almeida, esta obra nasceu dos trabalhos das Oficinas sobre Políticas Alternativas e conta com o contributo de outros investigadores em políticas sociais, Manuel Pires, Maria Clara Murteira, Nuno Serra e Ricardo Antunes.

Considerando as existentes pressões internacionais sobre o Estado português, e sendo este um dos debates atuais mais intensos, «A Segurança Social: Passado, Presente e Futuro», responde a esta discussão com base em informação estatística e documentos de referência, apresentando a possibilidade de construção de um sistema sólido de segurança social.

Fruto de uma forte investigação sobre as políticas sociais, «A Segurança Social: Passado, Presente e Futuro» levanta variadas questões sobre regras sociais e sugere respostas, apresentando as diferentes perspetivas dos autores que, em conjunto, procuram responder a uma preocupação comum: a de que os sistemas de proteção social são formas essenciais da democracia.

Este livro nasceu de trabalhos de um conjunto de autores para os quais o conceito de Estado Social corresponde a uma forte política redistributiva que defina regras de proteção do rendimento pessoal dos trabalhadores e das suas condições de vida. A redistribuição é aqui entendida como a conjugação de pelo menos quatro políticas essenciais (pensões mas também formas de proteção social com o apoio ao rendimento no desemprego e na doença; serviço nacional de saúde; educação pública; e habitação), mas é a primeira que é discutida.

Conhecendo as dificuldades e resistências ao desenvolvimento dessas regras sociais, o livro apresenta perguntas e sugere respostas sobre a Segurança Social. Grande parte destas questões são as mais correntes, muitas delas as mais difíceis. E, mesmo quando os autores discutem respostas diferentes, partem de uma preocupação comum: os sistemas de proteção social são formas essenciais da democracia. Procura-se, por isso, responder com cuidado, com informação estatística, com os documentos de referência e com grande inquietação.

O futuro da Segurança Social tornou-se um dos temas mais importantes das pressões internacionais sobre o Estado português e um dos debates nacionais mais intensos. Responde-se a esse debate com este livro. Contra as ideias feitas, estudamos os dados concretos; contra as ideias simples, apresentamos soluções detalhadas; e contra as soluções destruidoras, o livro mostra que se pode construir um sistema sólido de segurança social, que garanta o futuro do contrato intergeracional que é o pilar da democracia.

Nota de Imprensa da Bertrand Editora.

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O Mundo Plano, de Edwin A. Abbott

Flatland – O Mundo Plano é um universo a duas dimensões, habitado por figuras geométricas que desconhecem a nossa realidade tridimensional. À semelhança da realidade do autor, o Mundo Plano orienta-se sob rígidas crenças científicas e religiosas e vive sob um regime profundamente misógino, sectário e clerical, que rege o comportamento dos seus cidadãos.

Apesar da forte crítica social, o principal objetivo do autor é divulgar as ideias, emergentes na época, sobre a existência de uma quarta dimensão. Abbott consegue fazê-lo de uma forma didática recorrendo a um diálogo entre o narrador e herói de Flatland, O Quadrado, e uma série de visitantes de mundos de outras dimensões.

Esta nova edição conta com prefácio e revisão científica do matemático Samuel Lopes e com um conjunto de atividades matemáticas para o leitor “puxar pelo cérebro”.

Edwin A. Abbott (1838-1926) nasceu e viveu em Londres, Inglaterra. Dedicou-se principalmente ao ensino, tendo sido diretor da prestigiada City of London School, de 1865 (com apenas 26 anos) a 1889. Foi um estudioso de Shakespeare e um ávido escritor, tendo publicado mais de 50 títulos.
Apesar de ter vivido no período vitoriano, altamente conservador e sectário, acreditava numa sociedade mais equilibrada – bem patente no irónico universo que criou neste Flatland -, tendo defendido a educação para todos, independentemente do género do indivíduo ou do seu estrato social.

O revisor científico e autor do Prefácio
Samuel A. Lopes nasceu em Leiria em 1974, é licenciado em Matemática Pura pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e doutorado em Matemática pela Universidade de Wisconsin-Madison nos Estados Unidos da América. Matemático de coração e profissão dedica-se maioritariamente ao ensino e à investigação. É, desde 2004, Professor no Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Nota de Imprensa Porto Editora.

Flatland

Novo romance de Manuel Jorge Marmelo – na Livraria FNAC – Porto

Lançamento do novo romance de Manuel Jorge Marmelo – na Livraria FNAC da Rua de Santa Catarina, no Porto, dia 8, pelas 18h30, apresentado por Manuela Ribeiro. Manuel Jorge Marmelo obteve em 2014 o Prémio Correntes d’Escrita Casino da Póvoa com o romance Uma Mentira Mil Vezes Repetida.

Mais sobre o livro.

JorgeMarmeloConv

ZICA CAPRISTANO na Casa da Cultura de Setúbal

Uma grande exposição fotográfica de Zica Capristano vai ilustrar as paredes da galeria da Casa Da Cultura | Setúbal.

São dezenas de registos feitos em África. Sobre estas viagens escreveu o autor:

“Na génese deste trabalho está uma profunda, intensa e marcante paixão por África. Uma paixão moldada por quatro décadas de jornadas que me revelaram, em cada viagem, em cada etapa, inesquecíveis figuras, horizontes, comunidades, sons, ambientes, tradições — e, antes de tudo, a singularidade da alma africana”.

Zica Capristano foi fotógrafo e antropólogo. Deixou-nos há precisamente quatro anos.

Para nos falar destas viagens estará conosco António Pedro Carmona Rodrigues, seu companheiro de léguas de curiosidade.

Esta exposição é para recordar e homenagear.

ZICA CARTAZ

MACACO INFINITO, de Manuel Jorge Marmelo

Se sentarmos um macaco a uma máquina de escrever por tempo indeterminado, o animal acabará por conseguir escrever uma obra-prima à altura de Shakespeare ou Cervantes. Partindo do Teorema do Macaco Infinito, Manuel Jorge Marmelo escreve uma metáfora sobre a criação, e o mal. Piconegro é o dono de um prostíbulo e Wakaso é o criado negro disponível e servil, que acabará por acrescentar uma nova dimensão a um tríptico de Hieronymus Bosch que o patrão tem no quarto.

Nota de Imprensa da Quetzal.

MacacoInfinito

Um + Um = Três, de Dave Trott

Dave Trott explora o impulso criativo e os processos que acontecem no cérebro para a criação de ligações e de novas ideias.
Recorrendo a inúmeros exemplos e a casos verdadeiros, Dave Trott lança este mês em Portugal esta compilação de histórias que explora o pensamento dos processos criativos. Desde o sonho de John Lasseter de trabalhar na Disney, à destreza de Orson Wells na realização do seu primeiro filme em Hollywood e ainda à criação do programa “Remição pela Leitura”, que permite que os reclusos no Brasil reduzam dias na sua pena sempre que leem um livro, Dave Trott partilha dezenas de breves histórias que ilustram a forma como o processo criativo acontece no dia-a-dia.

«Há uns anos, li um livro de uma professora universitária indiana de Matemática. Ela defende que é possível aumentar em muito a quantidade que usamos do nosso cérebro. Mas não da forma convencional. Na verdade, é mesmo da forma contrária. O segredo, uma vez mais, está nas ligações. Convencionalmente, as pessoas limitam-se a aprender mais coisas. Aprendem mais coisas sobre aquilo que lhes interessa. Ela demonstra que esse tipo de aprendizagem gera um aumento pequeno e lento de uso do cérebro. Porque estamos apenas a acrescentar ao armazenamento daquilo que já sabemos. Mas se as ideias novas são combinações de ideias que já existem, quanto mais ligações conseguirmos criar, mais ideias conseguiremos gerar. É por isso que esta professora dizia que, para termos um desenvolvimento verdadeiro, temos de identificar as áreas em que não estamos naturalmente interessados. Temos de investigar essas áreas. Isso aumenta exponencialmente a quantidade de novas ligações que podemos fazer com o conhecimento que já temos armazenado. Como já não é previsível, agora é original e surpreendente. Porque cada ligação vai ser uma nova ligação com tudo aquilo que sabemos. Por isso, a nossa criatividade está diretamente relacionada com a quantidade de ligações que conseguimos criar. E isso está diretamente relacionado com a quantidade de coisas novas e invulgares a que expomos as nossas mentes. E é esse o objetivo deste livro.
No velho sistema, 1+1=2.
Com o novo sistema, 1+1=3»

Dave Trott é autor de vários livros sobre marketing, publicidade e criatividade. É fundador de quatro agências publicitárias premiadas. Em 2004 foi distinguido com o D&AD President’s Award pela sua carreira em publicidade.

Nota de Imprensa da Pergaminho.

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O Fim da Aventura, de Graham Greene

A relação amorosa do romancista Maurice Bendrix com Sarah Miles inicia-se nos tempos turbulentos do Blitz, em Londres. Mas, um dia, sem explicação, Sarah termina abruptamente a ligação entre ambos.

Parecia impossível que pudesse existir um rival no coração de Sarah, mas mesmo assim, dois anos depois, levado por um ciúme e uma dor obsessivos, Bendrix contrata um detetive privado, Parkis, para a seguir e descobrir a verdade.

Esta absorvente e misteriosa história de uma aventura amorosa e do seu místico fim, contada de forma magistral por Graham Greene, traduzida para português por Jorge de Sena, foi adaptada ao cinema por Neil Jordan, com Ralph Fiennes, Julianne Moore e Stephen Rea nos principais papéis.

Nota de Imprensa da D. Quixote.

O Fim da Aventura

Um Traidor dos Nossos, de John le Carré

Mais um livro do mestre da literatura de espionagem que acaba de ser adaptado ao cinema, num filme realizado por Susanna White e com Ewan McGregor e Damian Lewis nos principais papéis.  

Dois jovens amantes encontram-se na cave escura de uma casa anónima em Bloomsbury. Na mesma sala, sentam-se dois membros dos serviços de inteligência da Grã-Bretanha. E querem informações. O casal, Perry e Gail, acaba de regressar de umas férias nas Caraíbas, onde conheceram o misterioso Dima, um milionário russo que teme pela sua vida. O russo pensa que só a improvável figura de Perry o pode salvar. E Dima tem dinheiro – e está disposta a pagar.

O encontro irá empurrar Perry e Gail para uma assustadora viagem de Londres a Paris e, em seguida, para uma casa segura nas profundezas nos Alpes suíços.

Quando há muito dinheiro em jogo, e um governo britânico que precisa dele desesperadamente, alguns sacrifícios terão de ser feitos, mesmo que isso implique uma vida ou duas…

Nota de Imprensa da Dom Quixote

Um Traidor dos Nossos

Um passeio pelo centro do Rio de Janeiro colonial | Adelto Gonçalves

I

            Um passeio por ruas, praças, largos, caminhos, rocios e becos do centro histórico do Rio de Janeiro é o que oferece o mais recente livro do arquiteto e historiador Nireu Oliveira Cavalcanti: Rio de Janeiro: Centro Histórico Colonial 1567-2015 (Rio de Janeiro, Andrea Jackobsson Estúdio Editorial/Fundação Carlos Chagas Filho de Apoio à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (Faperj), 2016), segunda edição revista e ampliada de Rio de Janeiro: Centro Histórico – 1808-1998 (Anima/Dresdner Bank Brasil, 1998), fartamente ilustrado com fotos, aquarelas de Thomas Ender, imagens da Coleção Maria Cecília e Paulo Geyer do Museu Imperial e desenhos do próprio autor.

Refundindo o livro anterior, desta vez, Cavalcanti procurou reconstituir as grandes transformações pelas quais o centro histórico do Rio de Janeiro passou ao longo de 450 anos, desde a fundação do povoado, passando pela chegada em 1808 da família real, que marcou a elevação da cidade à sede da monarquia portuguesa, até estes últimos anos marcados pela realização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e da Olimpíada, em 2016.

É de se observar que Cavalcanti, pesquisador minucioso e persistente de arquivos brasileiros e portugueses, foi quem contestou a invencionice – repetida indefinidamente por historiadores alérgicos ao pó dos arquivos e limitados à leitura de livros impressos, ainda que antigos – de que com a família real teriam chegado ao Rio de Janeiro de 10 mil a 15 mil pessoas, garantindo, depois de compulsar detidamente os registros manuscritos da época, que, na verdade, o príncipe regente viera acompanhado de um seleto grupo que não chegava a 450 pessoas.

De fato, não é preciso ser muito atilado para se concluir que, se o Rio de Janeiro em 1808 reunia 7.600 edificações em sua área urbana e uma população ao redor de 60 mil habitantes, com certeza, a instalação abrupta na cidade de 15 mil pessoas haveria de ter causado um alvoroço sem precedentes que, por certo, teria sido relatado em documentos da época. E onde estão esses papeis de que não se tem notícias?

Como observa Cavalcanti na introdução, o Rio de Janeiro dessa época refletia influências arquitetônicas e urbanísticas da metrópole, mas, graças à exuberância de sua paisagem natural e ao isolamento de sua população e ao desenvolvimento de uma linguagem com traços locais, “foi surgindo uma cidade peculiar, dotada de extrema beleza a encantar a todos que nela chegavam”.

II

Cavalcanti acrescenta que muitos nomes dos logradouros cariocas tiveram origem em caminho, estrada, azinhaga, campo, paragens, sertão ou rocio antes de serem denominados por rua, beco, travessia, largo, praça ou praia, à época da passagem do espaço rural ou semi-rural para o urbano. Assim, o leitor terá a oportunidade de saber a origem de muitos logradouros conhecidos – e de outros nem tanto –, cujos nomes chegaram até os nossos dias, e de muitos que ganharam novas denominações ao longo dos tempos.

De início, a primeira denominação de muitos logradouros partia da descrição do local em que se situavam. Assim, uma via perpendicular à orla marítima chamou-se Desvio do Mar. Havia ainda o Caminho dos Arcos (aqueduto da Carioca), da Forca ou da Polé, do Boqueirão e as Ladeiras do Seminário ou do Poço do Porteiro ou ainda o Beco do Cotovelo. Depois, quando o logradouro ganhava uma edificação mais representativa, passava-se a chamá-lo por essa referência urbana, como a Rua da Cadeia, do Aljube, da Ópera, do Guindaste, do Cemitério, do Rosário, da Alfândega, da Candelária, da Boa Morte, do Açougue, do Quartel ou Detrás do Hospício.

As praias também recebiam, às vezes, denominação de acordo com a atividade que nelas seria desenvolvida. Um exemplo é a Praia dos Mineiros, hoje parte da Rua Visconde de Itaboraí, onde havia um cais, entre o Cais do Braz de Pina e o Arsenal da Marinha, no qual ancoravam, principalmente, embarcações originárias dos portos do interior da Baía da Guanabara. Lembra Cavalcanti, à pág. 61, que, como algumas dessas embarcações saíam do Porto da Estrela carregadas de produtos e passageiros oriundos de Minas Gerais, esse trecho ficou conhecido como Cais dos Mineiros e também como Praia da Farinha.

Se se pode acrescentar algum dado, é de se lembrar que foi na Praia dos Mineiros que o alferes Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), o Tiradentes, à época em que ficou ausente de seu regimento em Minas Gerais quase um ano e meio, tentou encetar algumas iniciativas empresariais no Rio de Janeiro. Uma delas foi procurar arrendar oito braças de terrenos na Praia dos Mineiros e seis braças na Praia de Dom Manoel para construir um guindaste de madeira que serviria para o “embarque de animais quadrúpedes e manufaturas” (Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), Lisboa, seção Rio de Janeiro, Avulsos, caixa 142, doc. 8, 18/8/1788).

No verbete referente à Praia de Dom Manoel (pág. 44), hoje Rua Dom Manoel, lê-se que, no começo do século XVII, formou-se um corredor de prédios que foi denominado Porto dos Padres da Companhia (dos jesuítas), posteriormente mudado para Praia Dom Manoel (Lobo), em homenagem ao governador da capitania do Rio de Janeiro que morreu prisioneiro dos argentinos na defesa da Colônia do Sacramento em 7/1/1683.

III

Se muitos desses logradouros históricos já não são assim tão visíveis na paisagem carioca, outros há que são conhecidos por todo o Brasil, como a Rua da Alfândega, onde no prédio de número 70 situou-se por décadas até 2014 a sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De início, esse logradouro chamou-se Caminho do Capueruçu e, mais tarde, Rua Diogo de Brito Lacerda, em homenagem a um de seus ilustres moradores, mas depois passou a se denominar Rua da Quitanda dos Mariscos. Com a construção do prédio da Alfândega, na atual Rua Primeiro de Março, cujo portão ficava em frente ao antigo Caminho do Capueruçu, ganhou o nome de Travessa da Alfândega.

Como observa Cavalcanti no verbete referente à Rua da Alfândega (pag. 23), era no número 50 da travessa que vivia dona Inácia Gertrudes de Almeida, amiga de Tiradentes, a quem o alferes recorreu em busca de auxílio para encontrar refúgio, afinal oferecido por um amigo seu, na Rua dos Latoeiros (atual Rua Gonçalves Dias), onde morava num sobradinho o paulista Domingos Fernandes da Cruz. Foi nessa casa que a tropa do vice-rei o prendeu.

Outro logradouro amplamente conhecido por todo o País é o Largo da Carioca, cuja denominação mantém-se até os dias de hoje.  No início, diz o autor (pág.33), esse logradouro era quase todo ocupado por uma lagoa que motivou Antônio Felipe Fernandes, em 1610, a arrendá-la à Câmara de Vereadores para servir-lhe de tanque de lavagem dos couros de seu curtume. Ali perto os franciscanos construíram seu convento dedicado a Santo Antônio, que acabou por dar nome ao sopé do morro em que estava situado. Foi a construção de um chafariz para aproveitar a água do Rio Carioca, em 1723, que motivou a mudança do nome do sítio para Largo da Carioca.

Além de logradouros que até hoje podem ser localizados na paisagem carioca, há outros que se perderam com as obras de modernização e revitalização do espaço urbano já no século XX, especialmente com a derrubada do Morro do Castelo, onde praticamente começou a cidade, e do Morro de Santo Antônio, e a construção da Avenida Rio Branco, que inaugurada em 1906 foi em menos de um século praticamente destruída, pouco restando de sua arquitetura original. Sem contar a abertura da Avenida Presidente Vargas, inaugurada em 1942, que fez desaparecer da paisagem quase mil prédios, entre eles várias igrejas setecentistas. Um vandalismo que só se pode atribuir à incúria e à falta de cultura que caracteriza até hoje boa parte dos homens públicos brasileiros.

IV  

Nireu Cavalcanti (1944), arquiteto formado em 1969 pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, é doutor em História Social, com ênfase em História Urbana, pelo Programa de Pós-Graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1997. Tem especialização em Planejamento Urbano e Regional e em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Santa Úrsula (1979-1982). É professor de pós-graduação da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), da qual foi seu diretor de 2003 a 2007.

É autor, com Hélio Brasil, de Tesouro: o Palácio da Fazenda, da Era Vargas aos 450 anos do Rio de Janeiro (Pébola-Casa Editorial, 2015); e de O Rio de Janeiro setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da Corte (Zahar, 2003), seu trabalho de doutorado, com o qual obteve o primeiro lugar da 42ª Premiação Anual do Instituto de Arquitetos do Brasil-RJ em 2004; Histórias e conflitos no Rio de Janeiro colonial: da Carta de Caminha ao contrabando de camisinha – 1500-1807 (Civilização Brasileira, 2013); Arquitetos e Engenheiros: sonho de entidade desde 1978 (Crea-RJ, 2007); Crônicas históricas do Rio colonial (Civilização Brasileira/Faperj, 2004); Santa Cruz – uma paixão (Relume-Dumará, 2004); e Construindo a violência urbana (Madana, 1986). Participou com capítulos em vários livros.                 

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Rio de Janeiro: Centro Histórico Colonial 1567-2015, de Nireu Oliveira Cavalcanti. Rio de Janeiro: Andrea Jackobsson Estúdio Editorial, 148 págs., 2016. Site: www.jakobssonestudio.com.br

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(*) Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

A Noite não é Eterna ou as certezas absolutas – por Carlos Ademar

Um belo livro, também porque a autora conseguiu imprimir um ritmo de escrita que nos envolve no enredo de tal forma, levando-nos a continuar a sua leitura sem darmos pelo esvoaçar do tempo. Além da trama e dos preciosos apontamentos históricos que nos traz, acima de tudo, levanta-nos em cada página a velha, mas sempre presente questão das certezas absolutas, agudas, irracionais; daquelas com que o poeta Reinaldo Ferreira dizia que se faziam os heróis de que alguém se há-de servir, em contraponto à dúvida que deve prevalecer, como diria o velho Descartes, até que a questão se apresente ao nosso espírito tão clara e tão distintamente, esgotando todas as possibilidades de a pôr em dúvida.

Retirado da recensão do livro A noite não é eterna de Ana Cristina Silva, publicada no blog de Carlos Ademar.

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Alegria! – de Marie Kondo

Marie Kondo é a guru da arrumação mais respeitada em todo o mundo e chega-nos com o seu novo livro: Alegria! Um guia ilustrado da arte de arrumar a sua casa e a sua vida, pois como Marie Kondo diz: «A vida realmente só começa depois de pormos a nossa casa em ordem.»

ArrumoMarie Kondo é uma autora best-seller com mais de 6 milhões de livros vendidos tudo graças ao Método KonMari. A autora desde logo passa um grande ensinamento: «Só quando souber escolher as coisas que lhe inspiram alegria poderá alcançar o seu estilo de vida ideal.» Para isso, Marie Kondo alerta que são necessárias duas capacidades para se ser bem-sucedido: «por um lado, a capacidade de manter o que nos inspira alegria e de descartar o resto; por outro, a capacidade de decidir onde manter cada coisa que se elege, devolvendo-a sempre ao seu lugar.»

Este guia ilustrado é uma compilação exaustiva do know-how do Método KonMari, funcionando como uma «Enciclopédia da Arrumação».

Marie Kondo é a guru de arrumação mais respeitada em todo o mundo. Dirige uma empresa de consultoria de arrumação em Tóqui, onde ajuda os seus clientes a transformar as suas casas desarrumadas em locais de serenidade e inspiração, através do seu método KonMari. É autora de vários best-sellers internacionais e tem sido uma presença constante nos media norte-americanos e europeus.

Foi considerada pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes de 2015.

Nota de Imprensa da Pergaminho.

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Arruada de Livros CULSETE – Setúbal

Já chegámos a julho e com ele chega a ARRUADA DE LIVROS CULSETE.

Entre os dias 1 e 9, sempre das 15:00 às 20:30 horas, teremos a festa dos livros e da leitura na rua, em arruada. No passeio fronteiro à Culsete.

Já sabem, todos os dias, além de muitos livros para folhear e comprar, há animação. Para todos os gostos.

Fiquem atentos. A partir de amanhã começamos a divulgar nomes.

Apareçam!

Contamos convosco!

(convite da Culsete)

ARRUADA2016CARTAZ

A voz dos vencidos e de seres sobrantes | Adelto Gonçalves | Moema Parente Augel |

I

Adelto Gonçalves não é nenhum iniciante. É jornalista, escritor, doutor em Letras, professor universitário e crítico literário, como consta de seu curriculum vitae, em feliz hora inserido no final desta segunda edição de Os vira-latas da madrugada, numa “Nota do Editor”, sob o título “Adelto Gonçalves e sua obra” (p. 209-215).  Entre as dezenas de títulos por ele publicados – livros, capítulos de livros, artigos dos mais diversos, resenhas sem conta –, Os vira-latas da madrugada é a sua primeira ficção, embora seu livro de estréia na literatura tenha sido a coletânea de contos Mariela morta (1977).

Os vira-latas da madrugada conheceu uma trajetória movimentada. Aos dezenove anos de idade, Adelto Gonçalves tinha o texto pronto. Reescrito entre 1977 e 78, isto é, quando contava 26, 27 anos, o jovem autor candidatou-se ao Prêmio José Lins do Rego, concurso de amplitude nacional, promovido pela reputada Livraria José Olympio Editora, do Rio de Janeiro. Foi classificado com uma menção honrosa, o que lhe valeu a publicação do romance em 1981. O livro constou em décimo lugar entre a centena de obras alistadas pelo jornalista e professor Marcos Faerman para estudantes de uma tradicional faculdade de Jornalismo e que obrigatoriamente deveriam ser lidas.

O prefácio, escrito por Marcos Faerman, foi censurado pela ditadura na época, não constando nessa primeira edição, tendo sido no mesmo ano em parte divulgado pela mídia independente como “trechos de um prefácio censurado, sobre tempos nubulosos”, como podemos ler à página 214 da segunda edição, de 2015, da editora LetraSelvagem, de Taubaté, São Paulo. Aí é finalmente publicado esse primeiro prefácio por inteiro (p.7-10), além de um posfácio, de Maria Angélica Guimarães Lopes (p. 205-208), texto publicado na Revista Iberoamericana, do Instituto Internacional de Literatura Iberoamericana, da Universidade de Pittsburg, EUA, jan-jun.1985, nº 130-131, p. 392-394, e republicado nesta presente edição.

A época em que os acontecimentos do romance decorrem não é difícil de ser intuída: o Brasil do século XX. Como consta da “orelha” do livro: “rememorações da época do tenentismo da Coluna Prestes” que “passam pela época Vargas e chegam até o período pré-golpe de 1964”. E como o próprio narrador revela: “Eu era muito pequeno, quando algumas destas histórias aconteceram” (p. 48).

II

A temática e a condução da trama elegidas por Adelto Gonçalves caíram no desagrado dos censores da ditadura militar brasileira e Os vira-latas da madrugada foi uma das obras por eles visadas. Daí, inclusive, o mérito desta segunda edição, reabilitando e recuperando um romance que constitui um libelo contra a exclusão social, uma crítica ao desrespeito pela liberdade e uma denúncia do abandono em que vivia a população humilde da região portuária da cidade de Santos – e não só.

Os vira-latas da madrugada é o décimo terceiro volume da coleção “Gente Pobre” da editora LetraSelvagem. O feliz título é uma metáfora que vem ampliar e enriquecer a já extensa lista de designações para a “gente pobre”, aqueles que alicerçam a base da pirâmide social, os menos ou nada bafejados pela sorte, a “massa marginal dos esquecidos”, os subalternos, os “pobres diabos” (p. 45), aqueles que o filósofo Enrique Dussel chamou de seres sobrantes, descartados pela ética excludente e utilitarista do desenvolvimento capitalista.

Este livro é o retrato de uma sociedade excluída, vegetando à margem das funções relevantes do conjunto social de uma das cidades mais importantes do país. Apraz-me lembrar que o pensador e teórico alemão Niklas Luhmann, ao visitar o Brasil, viu-se confrontado com a marginalidade e desumanidade da vida nas favelas dos grandes centros urbanos. O que contribuiu para ele repensar a sua abstrata concepção estruturalista dos sistemas sociais (Soziologische Systemtheorie).

Verificando que grandes contingentes da população que ocupa as periferias ou centros decadentes – indivíduos reais e em toda a sua complexidade de seres humanos – não pareciam ter nenhuma relevância funcional nem nenhum retorno dentro do sistema social em seu conjunto, embora a ele pertencendo e nele vivendo, mesmo que de forma indigna e sem direitos próprios (cf. Niklas Luhmann, no primeiro volume da sua Die Gesellschaft der Gesellschaft, 1997, p. 618-634; publicado no México, na tradução de Xavier Torres Nafarrate, 2007). Luhmann, a partir dessa vivência, ampliou com elementos concretos, “reais”, sua reflexão sociológica e teórica do que é considerado marginal, precisando os conceitos de inclusão e exclusão como instrumentos de análise estrutural do sistema social.

Uma abordagem de qualquer aspecto da pobreza merece passar também pelo crivo da reflexão sobre o colonialismo e suas consequências, levando em conta a afirmação de Homi Bhabha que a pós-colonialidade “é um salutar lembrete das relações ‘neocoloniais’ remanescentes no interior da ‘nova’ ordem mundial e da divisão de trabalho multinacional” (Bhabha, O local da cultura, 1998, p. 26). Adelto Gonçalves procede em seu romance à “autenticação de histórias de exploração”, para de novo citar Bhabha, evidenciando ao longo dos capítulos como suas personagens desenvolvem as mais diversas “estratégias de resistência” (ib.).

Não é possível deixar de ter em conta os muitos e diferentes processos e estágios de dependência e de marginalização dos países ex-colonizados, dos quais o Brasil faz parte e, nesse contexto, ressaltar as assimetrias existentes, por exemplo, entre a cidade e o campo, entre os centros urbanos e as periferias, entre os subalternos (Gayatri Spivac) e os donos do poder (Raymundo Faoro).

O conceito de subalterno foi divulgado, de forma polêmica, por Gayatri Spivak, teórica da literatura indiana, docente nos Estados Unidos. Em seus ensaios, ela insiste em uma revisão crítica da representação do “terceiro mundo”, pondo em relevo, entre outras análises, a clara discrepância existente, nos países ex-colonizados, entre as elites e a massa subalterna. “Subalterno” é o marginalizado, o silenciado, o ignorado, o sem voz, o sem direitos. Seu provocante ensaio “Can the Subaltern Speak?” (1988), onde Gayatri Spivak põe em dúvida a possibilidade de que essa situação de marginalidade e de afasia possa ser de fato ultrapassada, continua atual.

III

O narrador onisciente de Os vira-latas da madrugada esclarece não se tratar de uma réplica do histórico: “Longe disso”. Nem teve “intenção de transformar esses personagens em figuras épicas”. Desejou apenas “recolher histórias e inventar outras”. Histórias “do tempo em que os trabalhadores do cais ainda saíam aos gritos pelas ruas e os malandros, os moleques e as putas faziam do lugar um refúgio em sua luta pela sobrevivência” (p. 45). O autor adota uma posição compartilhante e solidária, mas ao mesmo tempo crítica e denunciadora, expondo sem condescendência, na representação literária, a realidade desse submundo, deixando claro o lugar de onde fala: “Aqui onde os moleques, vira-latas da madrugada, percorrem a noite inteira em busca de um otário, roubam os bêbados caídos nas calçadas, dormem com os pederastas e vivem de pequenos furtos; onde a piranha malandrinha ensaia um abraço casual na rua ao comerciário despreocupado e lhe leva a carteira […]” (p. 47/48).

A cidade de Santos, ou melhor, a região portuária de Santos, o “beira-cais”, funciona em Os vira-latas da madrugada como uma metonímia para a geral situação de carência das periferias das grandes cidades do país. É importante levar em consideração o lugar de fala do narrador onisciente que desenha um painel suburbano em forma de mosaico, em que cada pedra tem seu colorido particular e sua forma específica, fragmentos de vidas não mais anônimas, pois recebem nome, voz e individualidade graças à escrita de Adelto Gonçalves.

Não se trata apenas de um rótulo para uma lista de estereótipos: o vagabundo, a prostituta, o revolucionário, o biscateiro, o desempregado. Trata-se de personagens vivas que vão povoar o romance, uma imensa galeria, numa pluralidade de existências e de estratégias de sobrevivência, nomeadas e cuidadosamente descritas, vidas e rostos quase todos já esboçados desde o primeiro capítulo: o moleque Pingola; Marambaia, o velho marítimo e foguista aposentado; seu amigo Quirino, “embarcadiço” e mulherengo, ambos politizados e inconformados; o vagabundo Plínio; as prostitutas Naná, Rosa, Sula; a bailarina Irene; Madame Sílvia, dona do bordel mais importante do local; o velho entalhador João de Angola; Teodorico, o louco, entre muitos outros.

IV

O autor maneja com habilidade a narração das diferentes histórias de vida, utilizando uma dicção áspera e sem peias, apropriada à crueza e à fealdade do triste ambiente em que essas vozes se alternam, exibindo a dureza da realidade que as cerca. Ao longo dos capítulos, cada vez uma personagem tem espaço bastante para que sua história individual se apresente, mas é digno de nota a perícia do romancista ao utilizar com frequência o recurso das narrativas encaixadas, recurso estilístico conhecido como mise en abîme, procedimento que consiste justamente em incrustar uma história dentro de uma outra, não permitindo aos leitores perderem-se no emaranhado daquelas vidas entrecruzadas, unidas pelo denominador comum da exclusão.

Michael Pollak, sociólogo austríaco radicado na França, criou a expressão “memórias subterrâneas” (POLLAK, Memória e identidade social, 1989) para definir as memórias que são abafadas pela memória oficial nacional, entendendo como “subterrâneas” as lembranças dos despossuídos e das minorias. O analista parte da observação das memórias oficiais e do reconhecimento da violência que advém dessa escolha unilateral, em detrimento de outras recordações que são postas em escanteio, mas nem por isso estão mortas, e sim apenas imersas em “subterrânea” invisibilidade.

Um dos principais méritos de Os vira-latas da madrugada é justamente esse trabalho de reconstrução de individualidades ignoradas ou silenciadas. Pois há um interrelacionamento significativo entre o silenciado, a memória e o esquecimento: através do instrumento do silenciamento, emudece-se a memória do subalterno, procura-se fazer esquecer a narração do status quo vergonhoso ligado à subserviência ou à exclusão aviltante. O silêncio boicota movimentos que tentam recuperar memórias sufocadas, incômodas, provocando o encobrimento do Outro, como afirmou Enrique Dussel. Muitas formas de dizer o dito mascaram o não dito, motivam distorções, estereótipos, camuflam os conflitos entre os senhores da “Casa Grande” e os que lutam pela sua visibilidade social.

O posicionamento do autor de Os vira-latas da madrugada não é inocente. Adelto Gonçalves aponta sem subterfúgios a procedência dos problemas que estorvam a consolidação de uma sociedade que se quer equitativa e equilibrada, problemas (e esperanças) que prosseguem presentes na atualidade. Dá às suas personagens espaço e direito de sonharem. Serve-se do referencial histórico de um largo período da história do Brasil, por ele mesmo vivenciado desde a infância até a idade adulta, para acusar o abandono das periferias, a sorte dos despossuídos, dos seres sobrantes. Adelto Gonçalves traça, de forma instigante e literariamente bem sucedida, a representação simbólica de uma específica comunidade de destino, de história e de luta. No momento político que o país atravessava, um livro como Os vira-latas da madrugada representou e continua representando uma relevante contribuição para a conservação da memória de fatos ocorridos.

Transparece pelo tecido literário de Os vira-latas da madrugada a onipresença da sofrida história de opressão interligada a práticas de resistência, nem sempre bem sucedidas. A solidariedade do autor para com os subalternos é convincente, assim como sua empatia pelos marginalizados ou socialmente desfavorecidos. A repulsa ao status quo vigente é conduzida com elegância, resultando em denúncia contra os abusos do poder e dos desacertos da então situação política do país. É arrojada e corajosa a exposição, nos capítulos finais, do apodrecimento dos frutos abortados de um legítimo sonho.

É essa postura e essa coragem que levam um autor já na sua juventude a uma tomada de posição concretizada no livro que escreveu mal saído da adolescência. Vale lembrar as palavras finais de Os vira-latas da madrugada:

“As vozes que me trouxeram até aqui já não as ouço mais. Estão mortas, estão assassinadas. Este irregular relato é só uma homenagem a essas vozes que se calaram cansadas de testemunhar tanta ignorância e violência em nome de valores morais que a ambição já desmoralizou há muito tempo” (p. 203).

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Os Vira-latas da Madrugada, de Adelto Gonçalves, com prefácio de Marcos Faerman, apresentação de Ademir Demarchi, posfácio de Maria Angélica Guimarães Lopes e ilustrações e capa de Enio Squeff. Taubaté-SP: Associação Cultural LetraSelvagem, 216 págs., 2015, R$  35,00. E-mail: letraselvagem@letraselvagem.com.br  Site: www.letraselvagem.com.br

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(*) Moema Parente Augel é doutora em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É professora da Universität Bielefeld, Alemanha.

vira latas

EXCERTO | Do Livro «Uma Estátua no Meu Coração» | Soledade Martinho Costa

«Raramente usei relógio. Agora, nem uso. Tenho uma certa aversão às horas. À disciplina das horas. Embora cumpra os meus horários e seja pontual, sempre que necessário. […]. Provavelmente, por ter tido desde a infância, a adolescência e a juventude, a obediência às horas. A subordinação às horas e, portanto, aos relógios. Não gosto de relógios. Porque andamos às suas ordens. São eles que nos comandam, que nos dizem o que não queremos ouvir nem saber, se é tarde, se é cedo, se merece a pena, se (já) não merece, se devemos ir, se devemos ficar, se estamos atrasados ou se nos adiantámos sem ter sido relevante a nossa pressa. Mas, principalmente, pelo tempo que nos fazem perder, numa espera longa, numa ansiedade reprimida, numa expectativa, numa capacidade de submissão aos seus ponteiros, sem que nada possamos fazer para contrariar essa conformação, na maior parte das vezes transformada em angústia crescente, sem haver notícia ou vislumbre de piedade. […]. Na casa dos meus pais havia relógios por todo o lado – até no meu quarto. Um relógio dourado, a despertar-nos com música suave, num dourado que guardo como recordação, mas que não trabalha há longos anos. […]. Em casa da minha avó Maria Estrela, o ritual era outro: na sala grande havia um relógio de parede a meio das duas janelas. Antigo, de pêndulo […]. E a minha avó, guardiã atenta da preciosa chave do relógio. Só ela lhe dava corda. Nunca se esquecia. E eu, atenta, a olhar a chave, guardada em lugar seguro, só dela conhecido, com medo de perder-se. Nunca vi outras mãos a abrir a porta envidraçada e a dar vida ao velho relógio, no balançar do pêndulo, ora para a esquerda, ora para a direita. Sem falar nas badaladas a encher a sala e a casa toda com o sobressalto da sua voz.»

Soledade Martinho Costa

Do livro «Uma Estátua no Meu Coração»

Edições Vela Branca

Branco no branco | Domingos da Mota

    Narciso e biombo

    Um o outro ilumina

    Branco no branco

    Matsuo Bashô

 

Sendo a sombra da sombra duma alvura

mais branca que a brancura, dia-a-dia,

cujo branco no branco é sombra pura

que depura o sentido que irradia;

sendo o branco no branco o sol a pino,

solstício de verão, paleta viva,

beleza que o sol transforma em hino,

um hino que a luz converte em vida;

sendo a sombra da sombra como a estrela

cadente que traceja e arrefece

num rasto luminoso, a sequela

da rútila visão quando perece,

sobre a sombra da sombra, eis a penumbra

cujo branco no branco me deslumbra.

 

Domingos da Mota

 

[inédito]