Bruno Barão da Cunha nasceu em Lisboa, em 1964. Mesmo com alguma intermitência, desde sempre gostou de escrever. Quando era mais novo fez tentativas de poesia em sebentas escolares, das quais nenhuma chegou […]
Há um mar de chamas do outro lado da cidade. És tu a arder na minha ausência. Pegas fogo aos lençóis, incendeias o quarto, consomes a tua casa em labaredas. Estou longe mas […]
Clarisse olha-se ao espelho. Está nua. Estica os braços atrás da cabeça, um seio a elevar-se, a auréola a apontar para o tecto. O outro seio teima em não contrariar a gravidade, mostrando-se […]
Três homens estão debaixo de uma árvore. Apressada, a vida passa diante deles. — Dói-me o corpo — lamenta-se o primeiro. — Dói-me o coração — lamuria o segundo. — Dói-me a alma […]
O rosto de Santiago era fustigado por uma brisa que lhe picava a pele. Cheirava a frio e a abetos numa corrente fina e gelada que se entranhava nas narinas. Aquele Fevereiro agasalhava […]
Há um único cruzamento no deserto. No relógio de Sebastião os ponteiros mostram uma hora vaga. “19h10m? 11h09m? 09h11m?” — Escolhe o teu tempo. É agora! Sebastião sai do carro, o motor em […]
Pegaste na minha mão. Eu não queria. Arrastaste-me até ao quarto. Fui assaltada. Fiquei sem roupa, ainda me debati. Fiquei sem fôlego, fiquei sem mim. Nada sobrou. Rendi-me. Fui presa fácil do teu […]
Há duas chávenas vazias em cima da mesa. Trazes um bule com água a ferver, que poisas em cima de uma base. Sentas-te. Sem dizeres uma palavra, levantas a mão e dás-me uma bofetada. […]
A bomba vai explodir. Já está armadilhada. Só falta digitar o código de acesso e premir o botão. — Vou-te deixar. D. sufoca no ar que o rareia e leva as mãos ao […]