Tropos 3
Nenhum dilúvio retomará ao início. Tudo será continuidade. E sobreviventes serão a repetição. Vísceras putrefatas sobre o balcão canino da negociação. As relações em balcão de açougue. Esperma perdido no fundo cego das vaginas. O mijo quente em colchões d’ água. Lençóis do tempo. Chapéu mexicano. A física é o artefato religioso do intelecto. A economia dos odores do tempo. E o Conde Drácula alegrou os pobres dando-lhes alimento e queimando-os vivos, estômagos fartos.
O cheiro de carne queimada. O rasgo no tórax. Ruídos metálicos. O coração pulsando fraco. Mênstruo. Gazes embebidas da morte lenta. As luvas largadas sobre o campo verde. Um corpo abandonado nos mistérios do fim. Todos dão as costas ao morto. Somente a enfermeira desnuda o corpo-morto. Desperdício! Todos olham na direção do saído de sua boca e se afastam. Ela é a última. Na sala de cirurgia, um morto depara-se com a solidão que sempre evitou. Sonha?
Rumo. Prumo. Do papai-e-mamãe ao sexo oral. O riso encarando os santos. A voz de dentro: não vi Diabo nem antes nem depois. Assim foi. Mas demorou. O tempo das fantasias. Cúmplices. Tanto e tão intenso o gozo. Agendaram encontro semanal na sacristia. Desvirginada moralmente. Clementina sem cabaço moral. Sob olhares santos. Quem acreditaria? E o proibido acrescenta e cega. Descuidaram-se. O frei e a mulher. Amantes inexperientes. Não usaram camisinha. E o frei implorando aos anjos um milagre. Mas o prazer ovula. O gozo é Maldoror.
(continua)