Ambos são capazes de vender pó por ouro e, com o nobre metal, calar a boca dos que deveriam fazer respeitar as leis. Não se deve esperar do Senhor a solução. Não há quem transforme ouro em pó, não deleguem o dever dos justos a figuras do imaginário. Enquanto aguardam pelo milagre, o destino aos pervertidos pertence. Como vocês foram tolos em confiar naquilo que vocês mesmos criaram! Não nos adorem como o fazem com os santos da igreja, nada podemos fazer além de lavar as mãos. Não há templo nem Deus onde meu dedo aporta. Ninguém descerá para salvá-los. À arte pertence a ira de Deus, seus dilúvios, suas carruagens de salvação, o tremor das montanhas e dos lábios dos profetas, qualquer indignação, a ideia de um povo escolhido e o silêncio de espera. Não desejo que minhas pernas caminhem, nem que meus lábios falem, quero que ouçam a maneirismo de meu silêncio.
(continua)