Um verso que desperta, inopinado,
dá passagem a outro, clandestino,
em busca dum terceiro, mais ousado,
ou dum quarto com ar de peregrino,
e seguem o percurso adequado,
por muito que o sexto, valdevinos,
reaja contra o sétimo, excitado,
e levante uns bramidos sibilinos.
Mas assentes as coisas, lá se vão,
até que aparece um que sublinha
o travão implacável que o terceto
impõe a quem avança em contramão:
um freio que provoca e desalinha
o derradeiro verso do soneto.
Domingos da Mota
[inédito]