do alto da minha idade escrevo um poema
com sessenta e quatro retalhos de tempo
atiro os olhos para o sol que rasga a minha janela
e a claridade é igual à do terraço da minha infância
onde os pássaros cantavam em bicos de arco-íris
cantigas de amor no alto da minha cabeça
cheia de chão
do alto da minha idade a luz ainda é clara
na transparência da água
onde me lavo da inquietação dos dias
e onde os pássaros poisam nos ramos
cantando em bicos de asas
-leda me ando eu-