Balaboosta

Sob o fumo azul das respirações, os pratos corriam de boca em boca. O corpo é coisa monstruosa, pele com visco, vísceras das quais a balaboosta fazia cozido na panela de pressão.  De arrebentar o ventre nos partos dos filhos que engordara, de enjeitar os corpinhos cartilaginosos num amanhecer, de acordar com as mãos cheias de escamas, penugens e sangue, de torcer o pescoço de frangos lacrimejantes, a velha não sentia nojo de nada, salvo da colônia after-shave do finado incrustrada em cada criatura parida.

Katia Bandeira de Mello-Gerlach