Augusto Baptista (Oliveira de Azeméis) cruza escritas: texto, fotografia, desenho. Publicou: Histórias de Coisa Nenhuma e Outras Pequenas Significâncias, O Medo Não Podia Ter Tudo (com Francisco Duarte Mangas), O Caçador de Luas, […]
Quanta força há num punho que se levanta, numa onda que se ergue no mar? Augusto Baptista
Absorto, analisou a papeleta afixada na montra, tamanho A4 – um tanto mais, falando com precisão –, ornato gráfico, retrato colorido e, enfim, os dizeres clássicos. Trabalho esmerado, mas tosco, para o seu […]
Tenho uma laranjeira no quintal, plantada por minhas mãos um dia, pequenina, a bem dizer criança, que no Inverno se cobre de frutos para mim. Por mais que a admoeste, lhe recomende temperança, […]
Cruzámo-nos na Rua de Cedofeita, fim de tarde de domingo, Junho passado. Eu distraído, de repente entrevejo, debaixo do braço, passando, um garrafão. Dentro, um carro de bois. Logo filei o passante. Que […]
O homem pançudo assomou ao patamar abobadado do edifício e disparou para o céu. Um pássaro caiu redondo, no exacto centro da rotunda. Intrigado com a geometria do facto, o homem inspeccionou a […]
Quando acordares poderá ser tarde. À cabeceira me acharás velando, Bela Adormecida. Augusto Baptista
Disse boa viagem e umas tantas palavras em que não acreditava, desligou. Ficaram a verem-se desaparecer. Resignados. Sem vontade, tempo, paciência, para um derradeiro abraço, um último travo amargo de café. Augusto Baptista
Acenas, me chamas, provocas. Resisto. Alegre, circundas, te vais e regressas, me tocas. Resisto. Dengosa, enleias, ondulas, volteias, me tentas. Resisto. Te enrolas, encostas, me cinges, enredas. Resisto. Em labaredas, enfim teu corpo […]
Está a levantar-se um vento… Isto dito, já ela vogava no ar, sem que alguém lhe pudesse valer, algo houvesse para se agarrar. Longe, pensou: Se ao menos o vento amainasse. E logo caiu: sobre a […]
Pediu-lhe palavras de fogo. E ficaram lado a lado deitados sobre a cama. As mãos na nuca. Os sapatos ainda por tirar. Augusto Baptista
Tom suave, quase a medo, ele disse, dá-me um beijo, logo ela descia a ladeira, partia sem olhar para trás. Ela, lábios em fogo, de ela fugindo a correr. Ele ficou-se a olhá-la, […]
Num estranho acidente, as mãos da menina Alice ficaram presas na porta do autocarro 35. Avaliadas as hipóteses de desencarceramento, os técnicos concluíram: melhor seria não arriscar. Posta ao corrente, concordou, tanto mais […]
– Eva – apresenta-se ela. – Ad… – ele, já a trincar a maçã. Augusto Baptista