Que mais posso fazer por ti, agora
A não ser compor este poema
E dedicar-to?
Escrever estas palavras que me imponho
E queria fossem belas
Como o canto do vento
Nas searas breves?
Sim, eu sei
É tarde.
Tarde para estender para ti
O meu regaço
Materno de acudir ao teu cansaço
Feito da espera dos dias sem resposta.
Tarde de mais, eu sei
Para qualquer gesto.
Por isso
No silêncio que me trouxe
O ciciar amaro do teu nome
Em ti recuso a flor e o luto
O rito pelos mortos.
Tua lembrança
Em carne viva está e permanece
És tu, ainda
A chama
A força
O grito.
Obstinadamente
A voz que se não esquece.
Soledade Martinho Costa