A Memória de Shakespeare e Nove Ensaios Dantescos, Jorge Luis Borges

A ideia para este conto terá surgido a Borges durante um sonho. Tudo o resto ter-se-á desvanecido, exceto a frase: «Eu vendo-lhe a memória de Shakespeare.» A partir daí, Borges construiu esta extraordinária história em que Hermann Soergel, um estudioso de Shakespeare, encontra um homem, Daniel Thorpe, que afirma ter a memória de Shakespeare e o dom de poder passá-la a quem a quiser receber. E Soergel desejou-o, não sabendo, porém, que chamava a si uma maldição. É este conto homónimo que dá título ao primeiro conjunto de ficções deste volume.

No segundo conjunto de textos – Nove Ensaios Dantescos – Borges escreve sobre alguns dos episódios mais célebres e enigmáticos da Divina Comédia, do poeta florentino Dante Alighieri. Recorrendo à sua inesgotável erudição, Borges expõe perante o leitor o falso problema de Ugolino de Pisa e classifica Dante como um verdugo piedoso, o juiz definitivo de todos os habitantes do inferno.

A presente obra é o décimo volume que a Quetzal publica no âmbito das Obras de Jorge Luis Borges.

Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, em 1899. Cresceu no bairro de Palermo, «num jardim, por detrás de uma grade com lanças, e numa biblioteca de ilimitados livros ingleses».
Em 1914 viajou com a família pela Europa, acabando por se instalar em Bruxelas e, posteriormente, em Maiorca, Sevilha e Madrid. Regressado a Buenos Aires, em 1921, Borges começou a participar ativamente na vida cultural argentina. Em 1923, Borges publica o seu primeiro livro – Fervor de Buenos Aires –, mas o reconhecimento internacional só chegou em 1961, com o Prémio Formentor, seguido por inúmeros outros. A par da poesia, Borges escreveu ficção – é sem dúvida um dos nomes maiores do conto ou da narrativa breve –, crítica e ensaio – género que praticou com grande originalidade e lucidez.

A sua obra é como um mise en abîme de uma enorme biblioteca, uma construção fantástica e metafísica que cruza todos os saberes, e a súmula dos grandes temas universais: o tempo, o «eu e o outro», Deus, o infinito, o sonho. Borges foi professor de literatura e dirigiu a Biblioteca Nacional de Buenos Aires, entre 1955 e 1973. Morreu em Genebra, em junho de 1986.

(Nota de Imprensa da Quetzal)

planoK_MEMORIA_SHAKESPEARE2