Considerou absurdo o romantismo momentâneo. Com certeza, ajeitava as coisas para desaparecer, todas agiam assim. Adorava seu espaço, um mundo muito particular, sem o ruído que faziam as correntes presas nas pernas e no pescoço daqueles que caminhavam cegos de luz, que nada sabiam de metáforas em corpos nus. Quarenta anos vivendo sozinho, fazia parte daquelas paredes, igual à lenda turca onde a gruta serve de molde a uma forma humana que, sob o efeito do sol, adquire vida. Talvez, fosse sua metade perdida… gostaria de acreditar em duendes e fadas mas, por mais que tentasse, voltava ao concreto. Seria difícil habituar-se a dividir o espaço com alguém…