9º episódio – O BOM LADRÃO – Folhetim em setenta e cinco episódios

Adorávamos brincar com o figo e a manga-rosa. Viemos da mãe dos homens, modo de dizer de Da Graça, expulsos pelo furor uterino. A empregada sabia da malícia carregada pela metáfora. Flagrada nua por diversas vezes. Pelos negros em abundância, os seios em rigidez militar, o bico emergente como um pêssego. Quando nos via, escondia tudo com os braços. Adorava aquele Seus safados! que nos dirigia, desejosa. Você assustado com a floresta. E você tirando sarro de minha reação. Ela sabia sendo espiada. Conhecia esse duplo voyeur. Fugíamos para o quintal, atrás da mangueira, um dia descobrimos não precisar dos frutos, era só massagear, lentamente, depois bem rápido, para cuspir o líquido esbranquiçado e sentir aquela coisa prazerosa e inexplicável no corpo. Veja! O clitóris está durinho, baba secreção pela vagina. E o cheiro de cio. A bandida não está satisfeita, quer mais, e dorme, e geme, goza dormindo, sinta o enrijecimento na ponta da língua, vamos devagar, acariciar com a glande, veja só, dormindo ela se agita, deve sonhar com Tom Cruise, ela sempre fala no ator, impressionou-a De olhos bem fechados, do Kubrick, deseja participar de uma orgia, não sabe estarmos os dois aqui, o marido é um sujeito bonachão, vai buscá-la na repartição quase todos os dias, ela diz que tem bom coração, mas foi castrado pela doença, é diabético, foi o que nos disse, você viu o jeito dela pegar na pica, com três dedos, delicadamente, como se tivesse diante de algo muito sensível, uma imagem sacra, acariciando-o, olhar fixo, os lábios em movimento contínuo de quem quer lamber e morder o fruto, depois mordiscar o bico do seio, é uma cobra, a língua úmida, bruxuleante, o cacete como chupeta, e ela pedia calma, você viu, eu levando meu olhar para a janela, deixando entrar o barulho das ruas para não gozar em sua boca, apelei até para a imagem macilenta e mal humorada do pai, mas a vontade era muita, o pensamento no vírus, na possibilidade de transmitir-lhe a doença, desacelerou um pouco, não seria justo, parecia que a víbora sabia, virou de barriga para cima e abriu as pernas, pediu que eu lambesse sua vulva e gozou alto, mas não parou aí, pediu que a penetrasse, entrei firme, decidido, já quase gozando ela pedia para ir devagar, Há tempo, dizia gemente, o sangue na minha cabeça, o saco começava a dar sinais de orgasmo próximo, ela mordiscando meu bico de seio. Vamos de cachorrinho… Mudou de posição, veio por cima, veja como enfia os dedos no próprio rabo e goza mais uma vez antes de enfiar meu pau em sua boca, segurando minhas bolas com as mãos e me levando às nuvens. Por que repetir se você assistiu de camarote? Quem foi você na nossa vida? Ela dorme… Amanhã será a funcionária pública vergonhosa de sempre, que fica vermelha quando é assediada ou ouve uma piada picante. O que a timidez esconde é um vulcão próximo da erupção. Quem poderia imaginar? Tom Cruise não daria conta… Para mim o depois é pesadelo, fumaça negra, fuligem, morte. A falta que me faz Carol, com ela corria com muito calor e rapidez, era atrito mesmo, paixão… Não precisa me dizer. Não quero ninguém abaixo dos quarenta, mesmo com você me dizendo que paixão é para os iniciantes, não acredito nisso, Carol provou isso, é o cheiro, depois dela passei a observar mais as mulheres acima dos quarenta, a maioria separada e perdida, mergulhada em cheiros artificiais, você não sente o cheiro das glândulas, já tivemos experiência com viúvas lutando pela sobrevivência, com malhadoras com pernas bem torneadas, coxas suculentas e usando minissaia, com presbiterianas, testemunhas de Jeová e até freira… As lésbicas são as mais bem resolvidas! Acho que há diferença entre elas e os gays. Tio Anastácio… Lembra-se? O velho implicava com a presença dele em casa. É ruim para o menino, dizia à mãe, quando nos imaginava dormindo. Não entendia o porquê, tio Anastácio foi quem nos ensinou a respeitar o outro… Mas ele mesmo sempre carente de aceitação e carinho. Fazia de tudo para chamar a atenção das pessoas.

 

(continua)