Um belo livro, também porque a autora conseguiu imprimir um ritmo de escrita que nos envolve no enredo de tal forma, levando-nos a continuar a sua leitura sem darmos pelo esvoaçar do tempo. Além da trama e dos preciosos apontamentos históricos que nos traz, acima de tudo, levanta-nos em cada página a velha, mas sempre presente questão das certezas absolutas, agudas, irracionais; daquelas com que o poeta Reinaldo Ferreira dizia que se faziam os heróis de que alguém se há-de servir, em contraponto à dúvida que deve prevalecer, como diria o velho Descartes, até que a questão se apresente ao nosso espírito tão clara e tão distintamente, esgotando todas as possibilidades de a pôr em dúvida.
Retirado da recensão do livro A noite não é eterna de Ana Cristina Silva, publicada no blog de Carlos Ademar.