Uma mulher desconjura a padroeira da nau, uma santa de madeira com cabelos de índia, irresponsabilizando-a das suas funções. Naufragam as duas juntamente com a carga da nau, os seus escravos, os seus marinheiros, e os três cavalos que seguem a bordo e valem mais do que toda a carga junta. Um escasso número de sobreviventes dá a uma pequena praia fustigada pelo mar. Trazem consigo a santa que um deles resgatou. O mar continua a não lhes dar descanso, mantendo-os prisioneiros daquela língua de areia rodeada de rochedos, como uma jangada de frágil equilíbrio, também ela em risco de naufragar. Debatem-se com as exigências próprias da sua sobrevivência. Impera a lei do mais forte mas com sabedoria, arte e lascívia a mulher mais velha acaba por se impor aos demais.
Numa escrita forte, luminosa e intensa Ana Margarida de Carvalho deixa-nos um romance de cortar a respiração a qualquer leitor.
(retirado da recensão do Acrítico, leituras dispersas)
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