nenhuma manhã te leve ao engano | Lídia Borges

 

 

daquilo que passou nada te prenda

não tenhas pena do que foi

do que não foste. inútil todo o lamento.

sê breve agora

nos sonhos e nos desejos

para que te caibam no tempo

e no passo.

esse tempo de nadas

a sacudir das crinas a poesia

das manhãs claras

nenhuma manhã te leve

ao engano

que nos relógios toldados

do ocaso é tarde. É tarde

nos teus olhos febris

na tua boca seca

de tanta realidade.

 

Lídia Borges