Ser poeta é estar morto
É termos tudo e termos nada
E com nada termos tudo na mão
É nosso íntimo não ser paixão.
É um não ser mais que ser
É não ter um folgado viver
Temos compressa uma ansiedade
É mentir melhor que falar verdade.
É um não ser mais que ser
Este meu tão estranho jeito de viver
Tendo tudo tenho também nada
E com nada tenho tudo, na mão!
Tenho em mim compressa uma ansiedade
Que me faz mentir melhor que falar verdade
E se quanto me custa soubessem, aii, nem
Que não quisessem, choravam!
em “a nu” de Rui Sobral