Se calhar não te disse que as flores não abrem
que o chão despe a tarde desolado de água
que o meu coração parou no relógio da casa
onde habitaste de tempo o que já morreu.
Sem centelha de brancura
o negro sobe pelas paredes
em mortalha silenciosa
e é frio o sul da névoa.
Talvez te escreva ainda um verso
nos lençóis lisos da quietude
e no silêncio da carne
um acorde esquecido
acorde uma nota aguda
– uma breve paisagem-
na virilidade do papel.
maria isabel fidalgo