«Viajar é tão-só aprender / a mais devagar saber morrer.» pode ler-se neste novo livro de poesia de Luís Filipe Castro Mendes, publicado pela Assírio & Alvim. Muito mais do que uma evocação de sentimentos, pessoas ou lugares, trata-se aqui da própria vida, daquilo que é viagem e caminho, do que nos transforma e define, do ato criador, da escrita, da poesia. Como nos diz o autor, ao longo deste livro o «leitor encontrará muitas alusões, referências e citações encapotadas, às quais não deve ligar demasiado.»
Outro Ulisses Regressa a Casa será apresentado na 17.ª edição do Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, e em Lisboa, na Casa Fernando Pessoa, a 1 de março.
AO LUAR
(Manet, Luar no porto de Boulogne)
Movemo-nos entre as noites e as dunas que nos cercam,
espectros de outro tempo e de outra vida;
mas aquelas mulheres juntaram-se a um canto, silenciosas,
pois esperam de nós alguma coisa
que não sabemos o que é:
uma palavra, um grito, um deslizar manso
sobre as águas, ou o mero esplendor do nosso fim
iluminado pelo mais solene dos luares?
As nuvens, sim, as indiferentes nuvens
anunciam um cruel fulgor,
que nós a tempo não saberemos ver
Luís Filipe Castro Mendes nasceu em 1950 e, ainda muito cedo, entre 1965 e 1967, foi colaborador do jornal Diário de Lisboa-Juvenil. Em 1974, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e desenvolveu, a partir de 1975, uma carreira diplomática, tendo nomeadamente sido Cônsul Geral no Rio de Janeiro e depois Embaixador em Budapeste, Nova Deli e junto da UNESCO. É, neste momento, Embaixador de Portugal junto do Conselho da Europa, em Estrasburgo.
(Nota de Imprensa Assírio & Alvim)