O menino recebeu um xilofone no aniversário. Começou, lentamente, a tocar, aprendendo, pelos seus meios, várias músicas. A facilidade com que aprendia novas músicas, levou-o a ganhar gosto pelo xilofone e a tocar todos os dias.

À medida que foi crescendo, o menino foi tocando menos tempo, até que o xilofone ficou guardado e esquecido, dentro de uma caixa de sapatos. O menino cresceu, tornou-se um viajante e, à semelhança do que acontecera com o instrumento musical, foi viajando cada dia, um pouco mais, até que perdeu o caminho de volta.

Um dia, num país distante, encontrou um menino a tocar guitarra. Lembrou-se da sua infância e, particularmente, do xilofone. Procurou um instrumento destes, numa loja. Encontrou um exemplar em segunda mão. Comprou-o, mesmo sabendo que o instrumento tinha pouco valor. A grande razão para comprá-lo não estava no valor, mas no significado: se tocasse todos os dias, talvez se lembrasse do passado e, consequentemente, do caminho de volta.

João Nogueira Dias

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