O cineasta

Nos degraus da igreja, de capuz sobre a cabeça, o cineasta bebe um vinho claro, espraia os olhos pelo arraial.

As raparigas passeiam e riem-se. Outros dormem à sombra das árvores. A aldeia é pequena. Vendem-se alhos, pimentos, sorrisos. À beira água, uma donzela penteia-se, os cavalos bebem, um anão chapinha. Cabras, ovelhas, joanas por toda a parte.

O cineasta sorri. Por entre as ruínas observa o rosto das donzelas, a postura dos estropiados, as manigâncias dos pedintes, os sorrisos comerciantes.

João Pedro Mésseder