Bambambã da zona, dizia jornal no outro dia. Filho-mais-velho-em-tudo-igual-ao-pai, aquele da pinta no pinto, lê e não acredita. O pai sempre foi de pá, lavra, sol e sins, nunca de tiros. Nessas horas é que se conhece o homem dizia a si mesma sem saber o que isto significava, a mãe. O filho-atirador-profissional colou manchete no espelho do guarda-roupa, queria estar com o velho, pela primeira vez o via como herói. Sabia do prazer de matar aqueles que mataram antes pela indiferença. O corpo do pai recebeu mais do que deu, sempre foi assim, dezenas de balas vararam uma caatinga de corpo. Pai herói. Parecia novela. Meio morto; meio vivo. Estava morto desde o nascimento, sabia. Mas alguns daqueles-que-mataram-antes-pela-indiferença também morreram. Pobre sempre tem esperança e naquela ilusão de vida e de morte acreditou que todos entrariam no mesmo inferno.
(continua)
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