A Feira chegou! E com ela a chuva, infelizmente. Logo neste ano, em que a crise obriga a saldos que se poderiam dizer pornográficos, se a pornografia merecesse tamanho insulto. São saldos do outro mundo, isso sim. Mas o outro mundo não existe – esqueçam. São os saldos da Troika. Tróikósaldos portanto. As editoras estão a esvaziar os armazéns. Quase que oferecem livros. Nós, leitores, sorrimos de satisfação. Pena não termos dinheiro para sorrir com satisfação redobrada. Baixam os preços mas sobem o preço da luz, da água, da gasolina: daqui a pouco até o ar custará alguma coisa – de que nos vale? E nós, editores, trememos de medo: como ficará o mundo da edição depois das pessoas acharem que os saldos devem ser para sempre?
Jorge Reis-Sá