Chegam hoje às livrarias nacionais as novas edições de Rosto Precário e de Matéria Solar, dois magníficos livros de Eugénio de Andrade que voltam a estar disponíveis. Rosto Precário foi publicado pela primeira vez em 1979 e colige uma série de excertos de entrevistas concedidas pelo autor a diversas pessoas, naquele que é um admirável percurso pela obra de um dos poetas mais singulares da nossa língua.
O prefácio é de Joana Matos Frias, que o termina escrevendo: «Ecce Poeta, parece dizer cada texto. Eis o Poeta: fiel ao homem, à Terra, à Palavra e ao seu Rosto. Nada efémero, nada precário.» Matéria Solar teve a sua primeira edição em 1980. Do prefácio, a cargo de Manuel Rodrigues, podemos ler esta exemplar descrição de Eugénio e deste seu livro: «Discreto arredio dos palcos sociais, mas humanamente fiel e afim ao devir da natureza, mãe de efémeras metamorfoses; sem transcendências, dogmas ou mitos moralizadores, Eugénio de Andrade é um exemplo excecional, “clássico” portanto, da melhor figura do criador — e esta obra, em pequeno livro, é disso uma muito feliz demonstração.»
Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu a 19 de Janeiro de 1923 no Fundão. Em 1947 ingressou na função pública, como funcionário dos Serviços Médico-Sociais, e em 1950 fixou residência no Porto. Manteve sempre uma postura de independência relativamente aos vários movimentos literários com que a sua obra coexistiu ao longo de mais de cinquenta anos de actividade poética. Revelou-se em 1948, com As Mãos e os Frutos, a que se seguiria, em 1950, Os Amantes sem Dinheiro (já publicados pela Assírio & Alvim). Os seus livros foram traduzidos em muitos países e ao longo da sua vida foi distinguido com inúmeros prémios, entre eles o Prémio Camões, em 2001.