Bob Dylan é grande por ter sido transgressor, profeta assimétrico, rebelde contra os conservadores, rebelde outra vez contra os iconoclastas de feira, mas sobretudo por ter marcado a música popular do século XX. Usou para isso palavras e escreveu-as, à mão, à máquina, para aí num Remington de escritor. Ultimamente num laptop, quem sabe. Mas as grandes e maravilhosas palavras que escreveu, escreveu-as para uma arquitectura que envolve sons, para uma construção a que chamamos música. Soprou palavras e as palavras mudaram um tempo. Em cima de um palco incendiou um tempo. Não dentro de um livro.
In “Escrever é Triste” | http://www.escreveretriste.com/2016/10/em-defesa-de-bob-dylan/