Lá prenderam o Viegas outra vez. Assim abre o mais recente romance de Alice Brito. Quem leu As Mulheres da Fonte Nova sabe que a realidade não pede licença para invadir, com toda a sua crueza, esta escrita. As primeiras linhas abrem com a normalidade possível, a normalidade como chaga social, feita de repressão e luta. Onde o nascimento de uma criança, um menino, nem chega a brilhar na vida daquelas gentes.
Dizem que Picasso terá pintado o retrato de Estaline e quase foi expulso do partido por não ter usado os cânones burgueses da época. O retrato falhara em enaltecer a grandeza de Estaline. O revolucionário revia-se numa estética burguesa. Muito falham os homens e as mulheres condenados a não ter voz, a não pensar, a fazer do medo o seu dia-a-dia. E a vida, essa velha agoirenta, esmagando o tempo.
Lançamento do novo romance de Alice Brito «O dia em que Estaline encontrou Picasso na biblioteca», dia 13 de Maio na FNAC do Chiado, pelas 18:30. Apresentação de Helena Vasconcelos e Alfredo Barroso.