Cena 3
Para tristeza da mãe, Lindsay cresceu igual ao pai. Não tinha interesse nem pela televisão nem pelos livros. A menina-moça gostava mesmo era de ouvir rádio. Rádio de válvulas. Lindsay não deixava escapar qualquer casa de antiguidade. O primeiro salário foi gasto na compra de um rádio igual ao que o pai usava em suas viagens. A mãe reclamou, mas a filha aprendeu a ouvi-la como uma sintonia distante e desinteressante. Com a idade, Lindsay apegava-se mais ainda aos estranhos sons vindos do estrangeiro. E Lindsay, tão logo pode, montou outro barracão no fundo do quintal. Diariamente, logo após o jantar, dirigia-se ao lugar. O caderno com anotações e que a mãe nunca soubera, facilitaram as viagens aos mundos desconhecidos. Um dia, Lindsay sintonizou o pai, era dele a voz… Mas foi muito rápido. Com sutiliza tentou novamente um contato, mas não conseguiu. Aguardaria. Naquela noite Lindsay não dormiu de tão ansiosa e feliz. Ninguém acreditaria que experimentara contato com outra dimensão, nem os físicos, teóricos do tal chapéu mexicano. Nem a tia metida em Alan Kardec.
(continua)