No laboratório, decorria uma experiência com um gato. Devido ao teor dos produtos utilizados, o gato ficou fluorescente. Os outros gatos admiravam-no. Quando sentiu este estado de celebridade a atingir o ponto mais alto, o gato fluorescente sentiu que o laboratório era pequeno de mais para a lenda que estava a ser criada. Elaborou um plano e fugiu.
Na rua, as pessoas sentiam medo dele, pois tinham por base a ideia de que algo fluorescente não aparenta ser inofensivo para a saúde. Os outros gatos procuravam-no, querendo perceber, observando-o de perto, por que motivo era aquele gato tão diferente. Mas, em pouco tempo, as distracções da cidade levavam-nos a deixar o gato fluorescente, já que algo mirabolante, no frenesim da cidade, perdia sempre algum interesse. Faltava a opinião dos cães e estes foram claros: o gato fluorescente era para afugentar, pois poderia representar perigo.
Ao final de alguns dias, o gato fluorescente era temido pelos humanos, ignorado pelos gatos, que tinham mais do que fazer do que admirá-lo, e afugentado pelos cães, que não gostavam do seu aspecto. Apesar de livre, não era admirado por ninguém. Contra todas as previsões, regressou ao laboratório. A fama tinha lá ficado.
João Nogueira Dias