Pirómanos

Há um mar de chamas do outro lado da cidade. És tu a arder na minha ausência. Pegas fogo aos lençóis, incendeias o quarto, consomes a tua casa em labaredas.

Estou longe mas sinto o teu ardor. E, quando dou por mim, entro em combustão. Todo o meu apartamento crepita, tudo arde sem a tua presença.

“Não desligues o computador.”

“Fica mais uns minutos on-line.”

É este o incêndio que ateámos, pirómanos de um amor que se alastra em pixéis e bytes.

Bruno Barão da Cunha