Andava por não ter amigos, nas ruas ninguém é amigo de ninguém, individualismo extremo, disfarces não funcionam. Com eles a cobrança vem junto, sem limites. Não adiantaria voltar para casa, há anos não dormia à noite.
Encontrou ponto de pó, cheirou forte, longe do povo que se aglomerava na porta do bar. Foi sempre de usar droga sozinha, não gostava de se expor, dar bandeira para investigador zureta e mal-intencionado.
Ziguezaguear passos amordaçada pelo pó branco. Anjos dançavam Adios Nonino em Buenos Aires ou Santiago. Rostos eram difíceis de ver. É noite clara, um carro pára na calçada, e a mulher sabe que, com ou sem Astor, puta não pode, nem morta, se dar ao luxo de ter um passado.
(FIM)