Talvez
Eu seja agora
Outra mulher.
Talvez
Que sobre mim
Eu vista um novo olhar.
Talvez em cada madrugada
Eu diga
Estou aqui
Neste lugar
Que sempre foi o meu.
Aquilo que sonhar
Ou que fizer
Aquilo que pensar
Ou que disser
Será por obra e graça de ser eu.
Ser mulher
É repartir
É repetir
Em cada gesto
O mesmo amor.
É oferecer
Quer ao sorriso
Quer à dor
Cada segundo
Que temos para cumprir.
Talvez
Eu seja agora
Outra mulher
Na forma de sentir
E de me expor.
Tentei
Construí.
Fui laço
Aliança
Berço e trave
Alicerce
Chave
Tecto e abraço
Porta que se abre
Janela por onde a luz
Inunda o espaço.
Caminhei
Consegui.
Mas sei
Que apenas dei
Não recebi.
Soledade Martinho Costa