TEAR | Soledade Martinho Costa

Sobre o corpo das areias
Pelas marés
Lavadas
As pedras
Na solidão dos passos
Gravam
Indecifráveis sulcos.

Rente
Perpassa
Sobre si dobrado
O horizonte
Aspirando à falésia
Aromas de cicuta.

Tinge-o
Do sepulcro das algas
O manto verde e adivinho
Fino de gume
Corpo de cisne
Ao Sol sacrificado.

Sem trono
Ceptro
Nem grinaldas
Vem e escuta:

Nas grutas
Buriladas
Nas arribas
É que se tece
O silêncio
Como o linho.

Soledade Martinho Costa

Do livro «Do Sol e da Cal»

Editorial Presença

Das Letras

Share
Published by
Das Letras

Recent Posts

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018

Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…

7 anos ago

Gente Lusitana | Paulo Fonseca

Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…

7 anos ago