Sobre o corpo das areias
Pelas marés
Lavadas
As pedras
Na solidão dos passos
Gravam
Indecifráveis sulcos.
Rente
Perpassa
Sobre si dobrado
O horizonte
Aspirando à falésia
Aromas de cicuta.
Tinge-o
Do sepulcro das algas
O manto verde e adivinho
Fino de gume
Corpo de cisne
Ao Sol sacrificado.
Sem trono
Ceptro
Nem grinaldas
Vem e escuta:
Nas grutas
Buriladas
Nas arribas
É que se tece
O silêncio
Como o linho.
Soledade Martinho Costa
Do livro «Do Sol e da Cal»
Editorial Presença
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