Dobaram-se nos anos das marés
Sem outra condição
Outro provir
Que das areias
Das conchas
E dos limos
Serem a hora exacta
O sal onde se afogam
As palavras
Que a voz
Deu aos sentidos.
Os nomes e os sinos
Que se escutam
A percutir de frio
Nos ouvidos
São a tormenta
O poema que se afunda
Nos dias que se arrastam
Pelas sombras
A dar ao coração
Maior vazio.
São mistérios
São ritos
São cristais
São lágrimas
São esperas
Emoções
Ou espadas
No recato de seus gumes.
Temporais
Onde o mar
Busca nas ondas
Bruxedos
Que os corais
Escondem na espuma
Roubados dos abismos
E das brumas
Que o Sol não atravessa
Com seus lumes.
Soledade Martinho Costa
Do livro a publicar «Ao Longo da Margem»
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