RIO EMIGRADO | Soledade Martinho Costa

 

 

Sobre o líquen dos seixos
Patrício do rumorejo das alfarrobeiras
Um rio avança a solidão do nome.

Por entre o tojo
À transparência líquida do corpo
Sua pergunta corre:

Onde os olhos nas manhãs das minhas águas?
Onde as vozes nas margens do meu leito?
Respondei os mais não regressados
Quem rompe este silêncio?

E segue
Ao rés das rosas-albardeiras
Fantasma de mil segredos
Sem se saber lembrado
Longe
No coração dos homens.

Soledade Martinho Costa

Do livro «Poemas do Sol e da Cal»

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