Havia uma intenção madura
de traduzir a terra
escutar-lhe a correnteza da seiva
o despertar lento da semente
a obediência das raízes.
Para dizer o indizível
onde buscar as palavras?
Hoje
que o meu alfabeto
amanheceu ensimesmado
e foi sentar-se todo o dia
nas horas poentes
a remoer passados
a dobrar e a desdobrar saudades.
Hoje
a voz ficou-me só
para os silêncios.
«Lídia Borges (2011:p.16), “No Espanto das Mãos – O Verbo”