Da leveza das pernas, oh, o vértice;
oh, a boca do corpo, se a vertigem
alucina o desejo sem um óbice,
um óbice que seja duma virgem;
do vértice do corpo, dessa boca
que incendeia a volúpia, de tão ávida
e entumece os poros, de tão sôfrega
e afogueia os lábios, de tão cálida;
do vértice, da boca, do seu vórtice,
do frémito orgástico, e depois
do fogo que se veio, ardeu e foi-se,
deixando revolvidos os lençóis,
as pernas pensativas, e, num ápice,
o ciúme que gela e turva o cálice.
Domingos da Mota
[inédito]
Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…
Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…