Natureza morta | Domingos da Mota

 

 

Esgotado o filão, perdido o rasto
do veio que chegou até ao fundo,
no mais fundo poço, o ar nefasto
contagia os pulmões, torna-se imundo

e logo sufocante. E, ademais,
os gases venenosos, poluentes,
empestam as fissuras naturais
e corrompem o fio das nascentes.

Esboçado o quadro, eis a paleta
com as tintas sombrias do futuro,
uma vez que o presente nos afecta
quando infecta o fluxo de ar puro

que piora de forma inexorável,
até ser puramente irrespirável.

Domingos da Mota

[inédito]

Das Letras

Share
Published by
Das Letras

Recent Posts

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018

Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à "originalidade da sua obra…

7 anos ago

Gente Lusitana | Paulo Fonseca

Cornucópia rosada de carne palpitante… com neurónios, comandada puro arbítrio, caminhante… Permeável, errante… de louca,…

7 anos ago