Era no tempo em que havia pai natal
que eu existia
puro dia
tão leve
como a noite
que crescia
no sapatinho inocente
no fogão do meu passado
na árvore com estrelinhas
e nas luzes que piscavam
no pinheirinho enfeitado
com lume do coração
e anjos quase reais
que comigo adormeciam
a sonhar com pais natais.
Era no tempo dos meus pais…
com a toalha de linho
tão branca quase de neve
tão pura como o menino
que nas palhinhas deitado
dormia tão sossegado
junto à vaca e ao burrinho
e no olhar de sua mãe
(como a minha ela Maria!)
atenta e cheia de graça
adorando enternecida
a sua obra divina.
Era no tempo em que havia pai natal
que tudo em mim era inteiro
junto ao presépio encantado
em que eu era a cinderela
com um sapato à espera
no fogão do meu passado.
maria isabel fidalgo
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