NÃO SOU NORMAL | Carlos Bondoso

não sou a normalidade
porque não quero ser
a bestialidade e o obscuro

sou a serena chuva abundante
que nas margens
alimenta os parques selvagens que florescem

sou a selva mártir
que estilhaça
em sons inaudíveis
a misteriosa seiva dos anjos e dos medos

na terra dos mil sóis
calaram-se as árvores
e só cabe a luz dos cegos e dos certos

nada é silêncio
tudo galopa dentro da noite

pedras escuras e negras
alimentam a nudez dos fiéis
na serena escuridão
morre-se nas costas
das árvores caladas

POR CFBB