Grécia, meu amor‏ | Maria Isabel Fidalgo

 

 

contra a lucidez das águas
as aves ominosas
os detritos fendem
nada as detém.
nem os antigos deuses
memória dos gestos luminosos
nem uma lágrima
nem uma poça de sangue.
carnívoras profanam os templos
abrem feridas
sangram as almas
rastilham a terra.
o pus alastra como gangrena
a noite vinga
o véu se adensa
nada se vê
nada se pensa.
o choro é canto e o mar é curto
a boca grita
tudo se encena.

maria isabel fidalgo

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