Talvez houvesse areia
E tu sorrisses
Talvez houvesse mar
Fosse uma praia
E um búzio sibilino
Anunciasse
Que te aguardavam ninfas e tritões.
Talvez houvesse vento
E tu partisses
Talvez houvesse lua
Fosse um espelho
E um hipocambo de oiro
Te levasse
Ao reino de Anfitrite e Neptuno.
Talvez houvesse esperança
E tu esperasses
Talvez houvesse ceptro
Fosse um trono
E Nereu te oferecesse um diadema
E com ele adornasse
Os teus cabelos.
Talvez houvesse paz
E tu dormisses
Talvez houvesse alguém
Fosse uma voz
E Tétis no seu peito
Te acolhesse
Como se fosses o filho de Peleu.
Talvez houvesse tempo
E tu pudesses
Talvez não fosse Inverno
Não chovesse
Não fosse noite
E medo
E punição.
Talvez não existisse
Um rouxinol
Cativo do seu canto
Nos teus pulsos.
Os vinte anos da tua solidão
Talvez tu próprio
Um dia
Mos contasses.
Talvez houvesse fome
Fosse amor
E o teu desejo tão-só
De que a matasses.
Soledade Martinho Costa
Do livro a publicar «Um Piano ao Fim da Tarde»
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