Na manhã
Galopam cascos
De cavalos mansos.
Nas tuas mãos
Sepulto
O fuso.
Herança
Reflectida
No luto
Dos teus olhos.
Rés ao fio
Calosos
Os teus dedos
Ciciam
Antepassados
Jeitos.
Impune
Desço ao poço da memória.
Asas fechadas
De recurvos bicos
Há pássaros azuis
Pousados nos lambris.
Quem dera
A vara de condão
O príncipe da história.
Consciente
Rejeito em mim
O peso das palavras.
Só os Invernos
Passaram por aqui.
Soledade Martinho Costa
Do livro “Poemas do Sol e da Cal”
(Editorial Presença)
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