Apetecia-me dizer-te
Que penso em ti demasiadas vezes
Embora
Não as vezes necessárias.
A distância que nos separa
Deixou de ter qualquer significado;
Sempre que desejo
Corro a ver-te.
Conheço-te
Desconhecendo a cor dos teus olhos
Entendo as tuas palavras
Sem falar a tua fala
A tua angústia
Corre nas minhas veias
Os passos que escutas nos teus ouvidos
Soam atrás da minha porta.
A tua solidão
É a minha solidão inundada de Sol
No meio de risos
Os teus temores
Os meus temores nas alvoradas
Dos dias sem história
Os teus sonhos
Os meus sonhos sem freio
Esclarecidos.
As tuas chagas
Os teus gritos
A minha impotência
A minha ânsia
De poder dizer-te:
Estou contigo.
Sim, contigo
Olhando pela mesma janela
A mesma nesga de segredo
Contigo
A comer a mesma côdea de pão
Que mata a tua fome.
A dormir o mesmo receio
Nas horas que deslizam
Orladas de suor
Pela sujidade engordurada das paredes.
Contigo
A tecer as mesmas madrugadas prisioneiras
Abraçada ao mesmo destemor
E ao mesmo perigo.
Apetecia-me dizer-te
Que penso em ti demasiadas vezes
Embora
Não as vezes necessárias.
Soledade Martinho Costa
Tela: Luís Ralha
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