Se algum dia chegasse a libertar-me
Deste laço a tornar-me prisioneira
Voltaria de certeza a enlear-me
No teu braço que me traz nesta cegueira.
Tão certa do que digo e do que faço
Espero por ti parada frente ao tempo
Como um retrato antigo de menina
Com um bouquet de rosas no regaço.
Sem esperança de esquecer-te
E de encontrar-me
Meu coração aos pés
Da tua imagem
Sou a pedra que mora sob o rio
Mas com ele não parte de viagem.
E quando o dia morre na voragem
Das horas que se apressam sem retorno
Acendem-se as estrelas na paisagem
E a voz do vento chama pelo teu nome.
Soledade Martinho Costa
Do livro a publicar «Bragal»
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