(Editora: edita-Me, Editora, Lda.)
1. No mundo tecnológico e instantanista em que vivemos, crê que a literatura, tal como a aprendemos a significar pelo menos desde o Iluminismo, ainda tem sentido?
R. Apesar do imediatismo e da tecnologia do instante, a literatura continua a fazer sentido no equilíbrio entre o real e o sonhado, no retrato do que há para além do segundo, como espaço de reflexão e depuração do reflexo no sentir do que se vive.
2. Qual foi o último acontecimento literário, independentemente da sua natureza, que mais lhe tocou? Porquê?
R. A doação do espólio de Sophia de Mello Breyner à Biblioteca Nacional, porque a hipótese de poder apreciar, estudar, admirar, entender, a evolução e a criação poética de Sophia é, para mim e penso que para muitos, de um inegável interesse e funda emoção.
3. Fale-nos resumidamente do seu último livro, como se estivesse a revê-lo em voz alta para um grupo de amigos.
R. Ciclo da Pedra é um livro que percorre um caminho irregular, pedregoso, útil e por vezes frustrante, de renovação de linguagem, de experimentação de estilos mas, e sobretudo, de dissecação crua de vários fragmentos de uma mistura entre o que sou, o que queria ser e o que aprendi que deveria ser.
4. Pensa que a literatura e a rede poderão vir a ter, de algum modo, um destino comum?
R. Sendo a literatura uma forma de comunicar e a rede a ampliação e a aceleração constante da velocidade da comunicação, já têm um destino comum.
5. Refira dois autores e duas obras que o tenham marcado na sua carreira.
R. Não me parece que eu tenha qualquer coisa minimamente aproximada do que se pode chamar carreira literária. Por outro lado, são muitos os autores e muitas as obras que me marcaram. Posso, no entanto, referir Sophia de Mello Breyner e Contos Exemplares, John Steinbeck e A Um Deus Desconhecido, como dois autores e duas obras que foram muito importantes para a minha forma de olhar a vida.
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