Romance de 1943, Volfrâmio é a imagem do Portugal rural profundo que de um momento para o outro, com a Segunda Guerra Mundial, vê o volfrâmio das terras de paupérrimos recursos valorizado, permitindo que o dinheiro comece a jorrar a ritmos nunca previstos nas aldeias do interior do território.
A obra, escrita por um homem com uma verve inigualável nas letras lusófonas, faz a descrição minuciosa do ridículo desse período fugaz de abastança no «Portugal dos tamancos», e os gastos em festas, verdadeiras loas ao bacoquismo, em carros que as pessoas nem faziam ideia sequer como trabalhavam, mas que punham na loja, a par do burro ou da junta de bois, não longe do porco para a matança, no jogo, artefactos de joalharia, nalguns casos pagos como tal e mais não eram que pechisbeque, roupas caras e meretrizes, mandadas vir de Espanha para volúpias pouco coincidentes com os códigos sexuais restritos da moral católica.
«Aquilino possuía, como nenhum outro, a sabedoria da língua e dos segredos gramaticais e estilísticos: metáforas, sinédoques, parábolas, fábulas, analogias, um arsenal de conhecimentos que aplicava nos livros com alegre desenvoltura.»
Do Prefácio de Baptista-Bastos
Aquilino Ribeiro nasceu na Beira Alta, em 1885 e morreu em Lisboa em 1963. Deixou uma vasta obra em que cultivou todos os géneros literários, partilhando com Fernando Pessoa, nas palavras de Óscar Lopes, lugar cimeiro nas Letras Portuguesas. Sócio de número da Academia das Ciências, foi reintegrado após o 25 de Abril, a título póstumo, na Biblioteca Nacional, condecorado com a Ordem da Liberdade e homenageado aquando do seu centenário pelo Ministério da Cultura. Em Setembro de 2007, por votação unânime da Assembleia da República, o seu corpo foi depositado no Panteão Nacional.
Fonte: Nota de Imprensa da Bertrand Editora
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